Em carta a Bastos, Dantas nega “dossiê” à Veja
O banqueiro Daniel Dantas assegurou, em carta enviada na última quarta-feira, ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que não forneceu informações e não teve qualquer participação no texto divulgado pela revista Veja . Ele afirmou jamais ter acusado
Publicado 22/05/2006 20:52
A penúltima edição da revista trouxe uma lista, supostamente obtida com Daniel Dantas, controlador do banco Opportunity, com dados detalhados de contas no exterior de autoridades e integrantes do governo. Entre possíveis números de contas e os nomes de seus titulares, o texto cita o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Garanto-lhe que são inverídicas notícias que me atribuem a iniciativa de ter solicitado, a quem quer que seja, investigações, no país ou no exterior, a respeito da vida privada e financeira de autoridades brasileiras", afirmou Dantas na carta.
O texto, intitulado "A guerra dos porões", foi criticado pelo presidente Lula como "grosseiro" e "leviano" . "A Veja não traz uma denúncia, traz uma mentira", disse o presidente então em entrevista à imprensa, quando estava em Viena, na Áustria. O presidente ainda afirmou que a publicação da matéria da revista se constitui na "pior prática de jornalismo". A revista respondeu às críticas em nota oficial. O diretor de redação da revista, Eurípedes Alcântra, afirmou que o texto é "fruto de seis meses de investigação".
Meios
"A divulgação do resultado do trabalho de apuração, como a própria reportagem ressalta, foi feita justamente para evitar o uso das supostas contas como elemento de chantagem", registrou a nota, em referência a uma possível atitude do banqueiro Daniel Dantas em relação ao governo. Ao mesmo tempo, reconhece que "a revista não afirma que a conta bancária atribuída ao presidente Lula é verdadeira. Também não diz que é falsa, por não dispor de meios suficientes para fazê-lo".
O texto publicado pela revista registrou que a Veja teria buscado, "por todos os meios legais", confirmar a veracidade da lista. A matéria, inclusive, cita que, submetida a uma perícia contratada pela revista, o material apresentou "inúmeras inconsistências". De acordo com o mesmo texto, os editores teriam decidido publicar o documento porque não haveria, mesmo assim, provas que eliminassem a possibilidade de os documentos serem verdadeiros.
Tarso
O ministro das relações institucionais, Tarso Genro, disse que Thomaz Bastos, cumpriu uma missão institucional ao se encontrar em sigilo com Dantas, que deverá depor nesta semana à Polícia Federal (PF) sobre um dossiê atribuído a ele com supostas contas bancárias de autoridades no exterior. "Não vejo nenhum problema na reunião. Pelo contrário. Ficou absolutamente claro que o ministro recebeu informações e afirmou ao senhor Daniel Dantas que a Polícia Federal vai fazer o inquérito. Uma missão institucional cumprida de maneira correta e adequada pelo ministro Márcio", afirmou Tarso Genro.
O ministro das relações institucionais não quis comentar as suspeitas de que o encontro teria ocorrido para firmar um pacto de não-agressão entre o banqueiro e o governo. "Demais questões têm de ser respondidas pelo ministro", disse. Ele ressaltou que respondia às questões politicamente. "Ele cumpriu função institucional sua e deixou bem claro que a Polícia Federal vai fazer um inquérito rigoroso em função daquelas denúncias que apareceram na revista semanal que apresentou os fatos", afirmou Tarso Genro.
Com agências