Brasil pede mudança no sistema de patentes na OMS
O Brasil vai defender mudanças no sistema de patentes de remédios e mais investimentos nas chamadas doenças negligenciadas durante a assembléia anual da Organização Mundial da Saúde (OMS), que começou na segunda-feira (22).
Publicado 22/05/2006 15:55
O tema das patentes deve ser um dos mais polêmicos da reunião. O texto da proposta brasileira – que está sendo apresentada junto com o Quênia – pedirá a simplificação do sistema de patentes atual para tornar a inovação tecnológica mais acessível aos países em desenvolvimento. "As empresas acabam se preocupando apenas com os medicamentos que dão lucro, então os governos precisam se preocupar com a saúde da população", diz o presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Paulo Buss, um dos representantes do Brasil na assembléia.
O belga Michel Lotrowska, representante da ONG Médicos Sem Fronteiras no Rio de Janeiro, afirma que "pela primeira vez vai se discutir a relação das patentes com a inovação tecnológica" em uma assembléia da OMS. Segundo o Belga, "um recente relatório da própria OMS mostra que o atual sistema de patentes não atende as necessidades de saúde da população dos países em desenvolvimento para a criação de novos medicamentos". Para ele, o grande desafio da assembléia será estudar as alternativas para o sistema de pesquisa.
Terapias integrativas
"O lobby farmacêutico a favor das patentes é muito forte. Os países em desenvolvimento não conseguem se juntar todos para fazer uma resolução conjunta. Mas (agora) há a tentativa do Brasil com o Quênia para fazer uma resolução a favor de uma mudança do quadro global da questão da pesquisa e do desenvolvimento", diz Lotrowska. "Vamos ver se o Brasil e o Quênia conseguem passar isso dentro da assembléia (…) Isso permitiria a mudança do paradigma, da maneira como se pensa a saúde pública e as necessidades da população."
Além de alterar o sistema de patentes, o Brasil quer a criação de um fundo internacional para as doenças negligenciadas, como dengue, malária e tuberculose, que têm alta incidência em segmentos mais empobrecidos da população mundial e, por isso, são de baixa visibilidade social, segundo o Ministério da Saúde brasileiro. A 59º Assembléia Mundial de Saúde, instância máxima de decisões da OMS, é composta pelos 192 membros da organização. Neste ano, além da questão das patentes, serão discutidos outros temas, como a prevenção da gripe aviária e controle do tabagismo. O Brasil também abordará no evento da OMS a incorporação de terapias integrativas, como homeopatia, acupuntura e fitoterapia, no Sistema Único de Saúde (SUS).
Com agências