Brasil acompanhará reforma agrária boliviana
O Brasil e a Bolívia decidiram criar um grupo técnico para acompanhar a reforma agrária nas terras na faixa de fronteira. Cerca de 200 brasileiros possuem 11 milhões de hectares no país (média de 5.500 hectares por proprietário)
Publicado 22/05/2006 14:47
"O território é boliviano e a decisão é deles. Mas é muito positivo a criação de grupo de trabalho, porque ele vai nos permitir argumentar e acompanhar naquilo no que for razoável para os nossos brasileiros", disse Amorim.
Interesse para reforma agrária
O ministro brasileiro reuniu-se com o chanceler boliviano David Choquehuanca às 10h40, e um dos assuntos foi a questão fundiária. Às 16 horas (horário de Brasília) Amorim encontra-se com o presidente da Bolívia, Evo Morales. A questão do fornecimento de gás boliviano ao Brasil também deve entrar na pauta.
Evo declarou como de interesse da reforma agrária as terras devolutas ou com propriedade irregular. Pelo fato da decisão influenciar os brasileiros que têm terras na faixa de fronteira, o governo brasileiro poderá acompanhar o processo.
Proprietários fundiários brasileiros manifestaram preocupação de perder as terras, mas o ministro Celso Amorim disse que quem tiver terras produtivas e com posse legítima pode ficar tranquilo. "Os produtores de soja estarão tranquilos, porque são produtivas e são de posse legítima. O problema são as terras de fronteira e devolutas que foram consideradas de interesse para reforma agrária", disse. A reunião com os bolivianos decidiu pela criação de um grupo de trabalho para avaliar a situação.
Engajamento na Bolivia continuará
Segundo a Associação Nacional dos Produtores de Oleaginosas (Anapo), com sede na cidade de Santa Cruz de La Sierra, os proprietários de terras brasileiros são responsáveis por 40% da produção boliviana de soja, o que representa 14% do Produto Interno Bruto (PIB) boliviano. No total, cerca de cinco mil brasileiros vivem na região.
Amorim encontra-de na Bolívia desde domingo (21). "Queremos manter o nosso engajamento de longo prazo com a Bolívia. Não por generosidade ou por ideologia, mas por decisão de Estado, que vem de alguns governos anteriores, sobre a necessária ajuda ao desenvolvimento e à estabilidade da Bolívia", afirmou o chanceler ao embarcar. A reunião com os ministros bolivianos dá continuidade, segundo o Itamaraty, aos acertos ocorridos em Viena, durante a 4ª Cúpula América Latina, Caribe e União Européia.
Com agências