UJS faz nota pública pela paz
Diante da ofensiva do crime organizado, a União da Juventude Socialista divulgou, nesta quinta-feira (18/05), a nota "A juventude pede paz e um novo rumo para São Paulo". O texto denuncia as fraquezas da política de seguran&c
Publicado 18/05/2006 18:38
São Paulo sob ataque! Essa é a tônica das manchetes estampadas em todos os jornais expostos nas bancas do país inteiro. Previsto até pelo atual governador, Cláudio Lembo, o crime organizado — que Geraldo Alckmin há pouco tempo afirmara ter desmantelado —, promove o maior ataque já registrado na história desse estado e os paulistas vivem dias de terror e aflição.
Infelizmente trata-se de um fato há muito anunciado e uma das conseqüências das políticas liberalizantes conduzidas pelos sucessivos governos do PSDB/PFL à frente do mais rico estado da Federação onde nem a segurança escapa do avassalador processo de terceirização.
Em São Paulo impera o chamado “choque de gestão” que, a pretexto de sanear as contas do Estado, privilegia criminosos cortes em investimentos sociais como, por exemplo, na educação (que desde 1996, segundo dados da APEOESP, culminou com fechamentos de inúmeras escolas e salas-de-aula e a demissão de cerca de 20 mil professores) e em outras políticas básicas. Enquanto isso, a "solução" dada ao “problema social” em São Paulo é baseada numa política de segurança que beira o fascismo. Privilegia-se o encarceramento de jovens das periferias em detrimento de investimentos sociais voltados à população em geral. Isso sem falar na condescendência ao crime organizado não investindo no trabalho de inteligência das forças policiais, ou seja, persegue-se implacavelmente apenas o que na gíria se chama de "peixe-pequeno".
E é a juventude a parcela da sociedade que mais vem sofrendo com esse estado de coisas. Sem perspectivas, torna-se alvo fácil do crime organizado. Decerto, esse tipo de violência é inerente ao capitalismo, entretanto multiplica-se enormemente com as atuais políticas liberais de um Estado cada vez menor diante de problemas cada vez maiores. A história nos mostra que geralmente o desfecho dado pelas elites a essas situações é quase sempre a do recrudescimento da repressão e a intensificação do ódio de classe que vitima, sobretudo, os trabalhadores e a juventude mais pobre.
Não se pode, nesse momento de comoção nacional, aceitar as investidas das elites conservadoras para intensificar a coerção e aprovar uma série de medidas reacionárias de segurança com propostas simplórias como, por exemplo, a redução da maioridade penal ou mesmo a pena de morte. O fato é que nem a segurança ficou livre da saga privatizante dos tucanos a ponto de chegarmos a impressionante marca de 550 mil trabalhadores em segurança e vigilância só no Estado de São Paulo! Ou seja, mais que a população da maioria das capitais brasileiras trabalham no lucrativo (embora arriscado) ramo da segurança.
Por outro lado o comando dado pelo governo do Estado de São Paulo à polícia local chega às raias do fascismo, onde vale a máxima “bandido bom é bandido morto”. Nesse ambiente proliferam os grupos de extermínio (patrocinados pelas elites e setores da classe média) e prevalece uma ação policialesca truculenta e repressiva, sobretudo contra negros, jovens e pobres. A juventude sofre em verdadeiros campos de concentração chamados de FEBEMs ardorosamente defendidos por Alckmin. Via de regra, o menor infrator quando sai de uma dessas “fundações” está mais revoltado e envolvido com o crime do que quando entra. Desde a chegada dos tucanos ao Palácio dos Bandeirantes a população carcerária saltou de 50 mil presos para 130 mil (e isso sem contar com os mais de 100 mil condenados ainda em liberdade).
Esse é o modo firme de governar de Alckmin/Lembo/Serra, que prefere investir dez mil reais por cada detento anualmente (isso sem falar no total investido na repressão que só na capital custa anualmente 8 bilhões aos cofres públicos) a investir no povo. Esse é o governo dos ricos que trata os miseráveis na base do porrete, com a ROTA na rua e ponto final. E as elites? Essas estão bem mais seguras com suas "polícias" particulares e seus carrões blindados. Por isso, talvez, o governador diga que está tudo sob controle.
A irresponsabilidade dessa turma chega a tal limite que, mesmo admitindo estar em guerra, o governo tenta tranqüilizar a população a qualquer custo se contradizendo, mentindo e incentivando, por exemplo, as crianças a irem às aulas normalmente. E o que é pior, mesmo com a insistência do Governo Lula em ajudar com 4500 homens da Guarda Nacional e as Forças Armadas, a arrogância e a prepotência dos tucanos/pefelês fala mais alto e recusam a oferta. Ato deplorável de quem não é atingido diretamente pela onda de crimes que se alastra.
Mas o povo começa a perceber as mentiras. Um governador que diz publicamente que sabia das conseqüências de tudo o que está acontecendo e mesmo assim mantém as ações sem preparar minimamente a polícia e submete o seu próprio povo a essa aventura holywoodiana não merece o cargo que ocupa.
Geraldo Alckmin, que até agora conta com o beneplácito da grande mídia conservadora vê a sua imagem de bom moço ruir. Quem não se lembra da recente declaração eleitoreira do Picolé de Chuchu de que seu governo havia desmantelado a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Queria enganar a quem? A história se mostra mais uma vez inexorável contra os enganadores do povo.
A UJS, nesse grave momento em que a sociedade em geral e a juventude em particular sofrem com essa escalada da violência organizada, manifesta sua solidariedade aos familiares de todos os mortos e feridos, ao mesmo tempo em que conclama toda a juventude a se levantar em defesa da revolucionária bandeira da paz, contra medidas fascistas de combate a violência e da denúncia desse governo de extermínio dos sonhos e expectativas da juventude paulista.
EXECUTIVA NACIONAL DA UJS