SP: oposição culpa Alckmin, isenta Lembo e pede CPI
A oposição ao governo do Estado de São Paulo aponta o ex-governador e candidato à Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin, como o maior responsável pela crise de segurança pública que já causou a morte de mais de ce
Publicado 17/05/2006 20:00
A oposição ao governo do Estado de São Paulo aponta o ex-governador e candidato à Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin, como o maior responsável pela crise de segurança pública que já causou a morte de mais de cem pessoas desde sexta-feira, e deve insistir na instauração de uma CPI pedida há um ano. Para integrantes do bloco minoritário na Assembléia Legislativa de São Paulo, que é composto por PT, PSB, PCdoB e deputados independentes, o atual ocupante do Palácio dos Bandeirantes, Cláudio Lembo (PFL), tem menor responsabilidade por estar no cargo há pouco mais de um mês.
Eles preferem atribuir a situação a dois secretários de confiança de Alckmin: Saulo de Castro Abreu Filho, da Segurança Pública, e Nagashi Furukawa, da Administração Penitenciária. Lembo afirmou nesta quarta-feira que os dois estão garantidos nos cargos apesar das críticas.
"Essa crise é resultado da postura do ex-governador Alckmin. O Lembo pegou um abacaxi para descascar e tanto o Saulo como o Nagashi vêm da administração do PSDB, que vinha em uma linha de estabelecer acordos", disse à Reuters o deputado estadual Candido Vacarezza, do PT, maior partido da oposição ao governo paulista.
"Eu não atribuo isso ao Lembo, que está no cargo faz um mês e está sendo maltratado pelos tucanos e pela imprensa. Por isso, precisamos de pressão para instaurar a CPI da Segurança, o que só vai acontecer se tiver pressão popular".
O deputado Nivaldo Santan (PCdoB), por sua vez, avalia que a onda de ataques "mostra que não corresponde à realidade o discurso que o ex-governador Geraldo Alckmin e as autoridades da área de segurança faziam, de que tinham cortado a cabeça do PCC". Para o parlamentar comunista, uma política eficiente de segurança pública "precisa ser dura com o crime organizado e adotar um amplo conjunto de medidas de inteligência para enfrentar a logística dos criminosos. Requer, também, o enfrentamento dos problemas das desigualdades sociais, da pobreza e miséria, que alimentam a criminalidade", afirma Nivaldo Santana.
STF decidirá CPI em SP
O líder do PT na Assembléia, Renato Simões, lembrou que o início dos trabalhos de uma CPI sobre a segurança em São Paulo depende do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou no ano passado a abertura da CPI dos Bingos mesmo sem o apoio inicial da maioria. O petista espera uma vitória no STF dentro de semanas.
"Neste momento, estamos prestando solidariedade, mas é preciso que a sociedade veja que há resultado com uma saída institucional", afirmou Simões. "Mas quando isso acabar, fica insustentável a permanência de Saulo na pasta. Aí tem de ter CPI para apurar o período dele à frente da secretaria. E isso mostra que a principal responsabilidade política é do ex-governador Alckmin."
Desde 2003, há mais de 70 pedidos de abertura de CPIs para investigar o governo Alckmin, mas nenhuma comissão foi instaurada até agora. A série de ataques e rebeliões liderada pelo grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC) é uma reação à transferência de líderes da facção para a penitenciária de Presidente Venceslau, segundo o governo.
Fonte: Reuters