Irã apresenta proposta à UE para continuar programa nuclear
O Irã recusou nesta quarta-feira uma oferta da União Européia (UE) para interromper seu enriquecimento de urânio em troca de supostos "benefícios" econômicos. O presidente Mahmoud Ahmadinejad disse que a oferta d
Publicado 17/05/2006 10:38
O Irã, a exemplo da UE, ofereceu incentivos econômicos aos países do bloco para poder manter suas atividades de enriquecimento de urânio.
"Nós estamos preparados para oferecer vantagens econômicas à Europa em troca do reconhecimento de nosso direito de enriquecer urânio", afirmou Hamid Reza Asefi, porta-voz do Ministério iraniano das Relações Exteriores.
"O mercado de 70 milhões de consumidores iranianos é um bom incentivo para a Europa", acrescentou Asefi. Os países europeus têm acesso ao mercado iraniano, mas, nos anos recentes, o país se mostrou mais voltado para acordos comerciais com a Rússia e a China.
Antes de sugerir outra proposta, Ahmadinejad não aceitou o plano da UE, que oferecia um duvidoso "pacote de benefícios" em troca da suspensão do enriquecimento de urânio. O presidente iraniano disse que o que a UE oferecia era igual a trocar "ouro por chocolate".
"Vocês pensam que estão lidando com uma criança de quatro anos, a quem podem oferecer chocolate em troca de ouro?", ironizou Ahmadinejad em um discurso televisionado, reiterando que "não aceitará propostas que incluam a suspensão das atividades com urânio".
Segundo Ahmadinejad, o Irã confiou na UE em 2003 e suspendeu suas atividades nucleares, como um gesto de comprometimento com as negociações, mas os europeus exigiram em seguida que o país suspendesse permanentemente o enriquecimento de urânio.
No acordo selado em 2003, a UE pedia garantias de que o programa nuclear iraniano não fosse desviado de objetivos civis para a produção de armas.
O Irã concordou com a exigência e apresentou as garantias, mas as negociações foram suspensas em 2005, quando os europeus exigiram que o país deixasse permanentemente suas atividades com urânio. Na ocasião, o Irã respondeu retomando as atividades na usina nuclear de Isfahan.
"Nós não seremos enganados duas vezes", disse Ahmadinejad. "Nós recomendamos que vocês não sacrifiquem seus interesses pelos de outros", afirmou ele, dando um recado aos Estados Unidos.
Ahmadinejad reiterou sua ameaça de deixar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) se a pressão internacional para que o Irã deixe suas atividades com urânio".
"Não forcem governos e países a renunciarem à sua participação no Tratado Nuclear", afirmou, dizendo que seu país "tem o direito de desenvolver um programa nuclear civil".
A reunião de líderes europeus que deveria acontecer nesta quarta-feira em Londres foi adiada para a próxima semana sob pretexto de permitir mais discussões em torno de um "pacote de incentivos" a ser "oferecido" ao Irã.
Os Estados Unidos pressionam o Conselho de Segurança da ONU para aprovar uma resolução que determine o fim do enriquecimento de urânio, que, se for desobedecida, permita fazer o Irã enfrentar severas sanções do CS, inclusive força militar. No entanto, a Rússia e a China — que têm poder de veto no Conselho — se opõem abertamente à proposta americana.
Nesta terça-feira, o ministro russo das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, disse que seu país e a China "não aprovarão o uso da força para resolver a questão nuclear do Irã".
"Nós não podemos isolar o Irã ou exercer mais pressão sobre o país", disse Lavrov. "Em vez de resolver a questão, a tornará ainda mais urgente", acrescentou.
Com agências internacionais