Consulta popular inédita definirá candidato progressista em MG no dia 19
A Consulta Democrática e Popular é aberta a todos os eleitores mineiros e deverá indicar, além do candidato do campo progressista, quais temas a população considera prioritários para o futuro governo. Fazem parte da
Publicado 17/05/2006 17:47
“Você pode ter outra Minas: diga quem e diga como”. Com esse slogan, o PT de Minas Gerais realiza no próximo dia 19 de maio – em parceria com outros partidos e movimentos sociais – uma consulta inédita para que a população indique quem deve ser o candidato oposicionista a disputar o governo do Estado contra o atual governador, o tucano Aécio Neves.
A Consulta Democrática e Popular é aberta a todos os eleitores mineiros e deverá indicar, além do candidato do campo progressista, quais temas a população considera prioritários para o futuro governo.
“Este é o fato político mais importante das eleições mineiras este ano”, conta Luiz Carlos da Silva, secretário de Comunicação do PT/MG.
“Chegamos à conclusão de que os mecanismos de escolha no Estado estavam muito restritos. É uma resposta à falsa unanimidade em torno do Aécio, que tem o apoio das federações nacionais e da mídia conservadora”, explica Luiz Carlos.
Segundo ele, a proposta da consulta partiu do presidente do partido no Estado, o ex-ministro Nilmário Miranda – que é pré-candidato ao governo. Ele teve por referência processo parecido ocorrido na Itália este ano, quando a coligação L’Unione (aliança de partidos de centro-esquerda) realizou uma prévia com todos os eleitores italianos para decidir quem seria o candidato único contra Silvio Berlusconi.
Na ocasião, mais de 4 milhões de italianos foram às urnas e escolheram Romano Prodi, que acabaria vencendo Berlusconi nas eleições gerais do mês passado.
Diferentemente da Itália, no entanto, a consulta mineira não trará uma lista de candidatos. “A cédula estará em branco e a pessoa vota em quem quiser. No PT, há um sentimento de que nosso candidato é o Nilmário, mas nada impede que outras pessoas se apresentem para disputa”, explica Luiz Carlos, ressaltando que o mesmo vale para os demais partidos.
Fazem parte da frente progressista que organiza a consulta, além do PT e de setores do movimento social, os diretórios estaduais do PCdoB, do PRB e do PTN. Também aderiram os diretórios municipais do PSB de Belo Horizonte e Contagem.
“Não é uma disputa partidária. Por isso, está mobilizando muito os movimentos sociais. A CUT (Central Única dos Trabalhadores) está engajada e vai discutir o assunto no Congresso no próximo fim de semana, durante o congresso estadual deles”.
A votação
De acordo com Luiz Carlos, a idéia é ter 800 locais de votação espalhados pelo Estado. Também será possível votar pela internet. Os detalhes de todo o processo ainda estão sendo discutidos pela coordenação do movimento – da qual participam todas as entidades envolvidas.
Os organizadores preferem não fazer estimativa quanto à participação popular na consulta, mas calculam uma presença na casa de “dezenas de milhares” de eleitores. Para votar, basta apresentar o título de eleitor e um documento de identidade com foto. Não há exigência de filiação partidária.
A convocação do eleitorado está sendo feita pelos próprios partidos e organizações engajadas na consulta, já que não há condições para uma ampla campanha de mídia. Além disso, segundo o secretário de Comunicação, a grande imprensa local apóia o candidato tucano e não dá destaque às iniciativas do campo progressista.
“Por isso, é provável que tenhamos um eleitor mais ligado aos setores sociais organizados, aqueles que lutam diariamente por políticas públicas de saúde, educação, moradia etc. Cada área de atuação está convocando e mobilizando seu público”, disse Luiz Carlos.
A coordenação da consulta será responsável pela coleta dos votos, apuração e divulgação dos resultados. “Estamos, nesse momento, estudando medidas para evitar fraudes e votos em duplicidade”, adiantou Luiz Carlos, lembrando que, para isso, os organizadores contarão com a experiência acumulada dos plebiscitos contra a Alca e pela auditoria na dívida pública, realizados há alguns anos.
Fonte: Portal do PT