Alemães orientais ainda não comemoraram Copa do Mundo
A Alemanha é tricampeã mundial de futebol, menos para vinte milhões de habitantes do país, que jamais comemoraram uma conquista da Copa do Mundo. Para os moradores da ex-República Democrática da Alemanha, esta é a primeira ocas
Publicado 16/05/2006 17:47
A mídia ocidental trata os alemães orientais como menos fanáticos que os do lado ocidental, o que não é uma verdade. Talvez o fato de que seus clubes tenham naufragado em todas as competições pós-reunificação tenha gerado essa idéia sobre o comportamento do torcedor da ex-RDA. Aqueles clubes que sobreviveram à tragédia futebolística e social que se seguiu no lado leste, estão hoje disputando divisões amadoras, endividados, sem torcedores e sobrevivem apenas das glórias do passado. Então, como ser "fanático" se não há futebol na região?
A última Copa conquistada pela República Federal da Alemanha (R.F.A) foi vencida em 1990, poucos meses antes da reunificação, que foi selada formalmente em outubro daquele ano. "Com os jogadores da Alemanha Oriental, seremos imbatíveis", afirmou, na época, o então técnico da seleção alemã, Franz Beckenbauer.
Alemanha Democrática
A seleção da ex-Alemanha Democrática não chegou a alcançar sucesso em torneios internacionais dentro do futebol profissional. Sua vitória mais celebrada ocorreu durante a Copa do Mundo de 1974 em Hamburgo, quando a equipe socialista derrotou o time da R.F.A. por 1 a 0, com um gol do atacante Jürgen Sparwasser. Em seguida, classificou-se para a fase semifinal do torneio, onde enfrentou o Brasil, campeão do mundo em 1970, sendo derrotada por 1 a 0, depois enfrentou a surpresa da Copa, a Holanda, perdendo por 2 a 0 e, por último, a Argentina, quando empatou em 1 a 1, se despedindo em definitivo dos Mundiais.
A maior conquista do futebol alemão em uma olimpíada foi a medalha de ouro dos Jogos de Montreal, em 1976. Embora a história dê à atual Alemanha os créditos, quem a conquistou foi a República Democrática Alemã, que derrotou na final a seleção da Polônia (que contava com a equipe que ocupou a terceira colocação em 1974) pelo placar de 3 a 1.
No palco do futebol interclubes europeu, o maior título conquistado por uma equipe do lado oriental da Alemanha foi obtido pela equipe do Magdeburgo. então campeão nacional de 1972, chegou à extinta Recopa européia e surpreendentemente bateu na final o Milan, do astro Rivera, por 2 a 0.
Sem o muro
Quando o Muro caiu, os clubes ocidentais encontraram um celeiro de craques no Leste. Times como o Dynamo Berlim (vencedor de 44 títulos nacionais na RDA), Dynamo Dresden, Magdeburg, Carl Zeiss Iena, Lokomotiv Leipzig, Hansa Rostock, União Berlim e Karl-Marx Stadt (hoje Chemnitz) eram potências do futebol da parte socialista alemã.
Mas não demorou, porém, para entrarem em decadência, devido aos problemas econômicos que o neoliberalismo levou ao Leste, também por causa da transferência em massa de jogadores para o lado ocidental, a preço de banana. Calcula-se que cerca de 500 craques migraram para o Oeste. Em meados dos anos 90, os orientais formavam a base da seleção alemã.
Mathias Sammer, Ulf Kirsten, Jens Jeremies, Carsten Janker, Alexander Zikler e outros nomes oriundos da "linha de produção da RDA" — marcada por intensos treinos técnicos e físicos — não tiveram problemas para se integrar à equipe nacional da Alemanha unificada.
Na atual seleção, comandada por Jürgen Klinsmann, a maior estrela é o capitão Michael Ballack. O jogador do Bayern de Munique é do lado oriental do país.
Por Humberto Alencar
Com agências
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