Mostra de esculturas gigantes na Praça da Estação abre Festival de Arte Negra em BH
Estão expostas na Praça da Estação, no hipercentro de Belo Horizonte, 19 esculturas em aço, de grandes proporções, que fazem parte da programação do 3º Festival de Arte Negra (FAN)
Publicado 14/05/2006 18:33 | Editado 04/03/2020 16:52
Além das esculturas, que ficam na praça até 30 de junho, também haverá uma mostra de música de 24 a 27 de maio. A programação começa sempre às 19h e inclui as bandas Rosa dos Ventos, Marina Silva, Black Sonora (dia 24), Pêlos de Cachorro, Realistas NPN, Groove das Ruas (dia 25), Negras Ativas, Dejavu, APR, Apologia X, Expressão Feminina; Saci; SoulBeltrano (dia 26) e Velha Guarda e Anthonio (dia 27).
Autor e obra
As esculturas em aço estão presentes no trabalho de Jorge dos Anjos desde o início dos anos 90. Com a ajuda do arquiteto pós-moderno Éolo Maia e de outros da sua geração, Jorge dos Anjos viabilizou suas primeiras obras desta natureza, o que resultou numa série de trabalhos espalhados por espaços públicos, como o “Monumento Zumbi Liberdade e Resistência – 300 Anos”, na Avenida Brasil, a escultura “Via Urbana”, em Fortaleza, dentre outros. Hoje, seus trabalhos também podem ser conferidos em livros como “Visagens”, “Revue Noire – Brésil – Afro-brasileiro” e “Um Século de História das Artes Plásticas de Belo Horizonte”.
A temática negra surgiu ainda nos estudos do artista nos anos 70, na FAOP, em Ouro Preto. Porém, apenas em 1984, quando visitou a Bahia e pôde pesquisar sobre o Candomblé, os trabalhos vieram à tona. “Na religião achei os elementos negros que buscava”, diz o artista, que, no princípio, trabalhava com a estética dos símbolos, preocupando-se com a forma.
Aos poucos, ele foi criando uma “grafia” própria, aglomerando diversos elementos da cultura negra. Nas obras não faltam menções a figuras como Exú, representado por pontas, tridentes e triângulos, lembrando a ligação do céu com a Terra, emblemática representação da entidade do candomblé.