Quilombo carioca festeja 118 anos da Lei Áurea
Moradores do Rio de Janeiro podem comemorar o 13 de maio com 24 horas de festa no Quilombo São José, onde acontecerá um dia inteiro de festa para comemorar o Dia Nacional de Luta Contra o Racismo. Estão programadas atividades co
Publicado 12/05/2006 17:11
A festividade deverá durar mais de 24 horas, começando na manhã do dia 13, às 10 horas, com a celebração de uma missa afro ao ar livre. Depois da missa, por que ninguém é de ferro, uma farta feijoada beneficente será servida a todos.
As atividades da tarde começam às 15 horas com a apresentação de Capoeira Angola, Maculelê, Samba de Roda e Folia de Reis, seguidos do Jongo de Pinheiral, às 16h30 e do Jongo do Quilombo São José, às 17 horas. Depois das apresentações, acontecerá a confraternização entre os grupos participantes.
A noite, que promete ser longa e animada, começa com a bênção da fogueira pela matriarca da comunidade Mãe Terezinha, às 19 horas. Meia hora depois, começa a homenagem aos Pretos-Velhos, com o início da Roda de Jongo na beira da fogueira com a participação de todos os presentes. A partir das 21 horas, e até às 7 da manhã, acontece o Baile de Calango, intercalado com Roda de Jongo na fogueira até o sol raiar. Durante toda a noite barraquinhas venderão comidas típicas e artesanatos do local e serão assadas batatas na fogueira.
Durante o baile, às 22h30, acontece o show da cantora Luciane Menezes e Companhia Brasil Mestiço. A festa amanhece num café da manhã servido às 8 horas e seguido de jogos de futebol até às 12 horas, quando será servido o almoço comunitário de encerramento da festa.
Quilombo – O Quilombo São José é uma comunidade de 200 negros da mesma família que preservam o jongo, dança de roda considerada uma das origens do samba, trazida de Angola para a região Sudeste do Brasil-Colônia pelos escravos.
Essa família permanece há 150 anos – desde a escravidão – na mesma terra, mantendo ricas tradições negras como o jongo, a umbanda, o calango, o terço de São Gonçalo, a medicina natural, rezas e benzenduras e a agricultura familiar entre outras.
Até um ano atrás, a comunidade não possuía luz elétrica vivendo em isolamento. A floresta, as casas de barro com telhados de palha, o candeeiro, o ferro à brasa e o fogão de lenha ainda fazem parte do cotidiano.
A fazenda São José – O Sr. Frederico, proprietário da fazenda, informa que ela não estará aberta para caminhadas e passeios, a festa será realizada somente na escola e na capela.
Ele ainda informa que nunca houve um sítio de escravos fugitivos para caracterizar um quilombo. Os negros que permaneceram na fazenda após a abolição da escravatura, fizeram-no por vontade própria e com o consentimento dos proprietários.
Como toda a região de Valença, Vassouras, Vale do Rio Preto e Vale do Paraíba, a fazenda São José da Serra era produtora de café, cultura que patrocinou a riqueza de muitos dos chamados Barões do Café, havendo hoje algumas fazendas tombadas pelo patrimônio histórico devido à sua importância, para citar na região as fazendas Secretário, Sta Clara, Veneza, São Paulo e São Fernando entre outras.
O trato da lavoura de café era feito com escravos e depois da abolição com empregados livres, algumas vezes ex-escravos, outras vezes imigrantes. As lavouras eram divididas em talhões, cujo cuidado ficava a cargo de um colono e, às vezes, sua família. Estas famílias moravam em casinhas espalhadas ao longo de toda a plantação existente.
Com o fim do ciclo do café, na década de 1930, e a conseqüente mudança da atividade para pecuária, os colonos foram dispensados e algumas vezes expulsos das fazendas onde não havia mais lugar para este excesso de pessoal. Foi o início do êxodo rural no Brasil, iniciando o processo de inchaço das cidades.
Contrariando os seus pares, Benedito Leite Pinto então proprietário da Fazenda São José, ao invés de expulsar os seus colonos, resolveu agrupá-los na área hoje conhecida como Grotão, para que pudessem viver em comunidade, pois, afinal, eram todos parentes.
Esta comunidade cresceu e alguns de seus filhos migraram para outros lugares, alguns para São Paulo, outros para Barra do Piraí, Queimados e Nova Iguaçu, além, é claro, de Sta Isabel, Conservatória e Valença.
A fazenda sempre teve donos conhecidos, o que pode ser comprovado nos cartórios de Valença, e sempre foi produtiva, dando preferência à comunidade nas suas necessidades de mão-de-obra.
Como ir – Dois ônibus levarão os visitantes interessados, saindo às 8 horas da manhã em ponto da Fundição Progresso, Lapa. Um dos ônibus retorna de Valença no mesmo dia, às 20 horas e o outro na manhã de domingo. Reservas pelos telefones (21) 3825-0053 ou 3852.0043.
O Quilombo da Fazenda São Jose fica a duas horas e meia de carro do centro do Rio de Janeiro. Os interessados devem seguir pela estrada Rio – SP, entrar na saída para Piraí – Barra do Piraí e atravessar Barra do Piraí em direção a Valença. Após o trevo seguir em direção à cidade de Conservatória (entrar à esquerda para Conservatória e não à direita para Valença). Atravessar a cidade de Conservatória e subir a Serra da Beleza (estrada de barro). Após a 4º ponte, no 18º Km da estrada de barro, virar à esquerda na entrada da Fazenda São José. Seguindo-se mais 6 km por essa estrada de barro secundária, atravessando 3 porteiras, chega-se ao Quilombo da Fazenda São José da Serra!
De São Paulo, também sairão 3 ônibus que levarão 132 jongueiros para a festividade. Infelizmente as vagas estão esgotadas, mas quem quiser seguir com os ônibus em caravana, a saída será na virada de sexta (12) para sábado (13), no Viaduto Major Quedinho, sn, Centro, ao lado do Bar Brahma, próximo ao Metrô Anhangabaú.