Amorim: “não vou ser impulsionado por reações midiáticas”
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reagiu hoje à pressão que a mídia tem feito para que a diplomacia brasileira rompa com a Bolívia. "Não vou ser impulsionado por reações midiáticas&rdqu
Publicado 12/05/2006 15:45
Em Viena, o chanceler concedeu uma entrevista coletiva em que detalhou a agenda de encontros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a 4ª Cimeira União Européia – América Latina e Caribe. Ao final, as dezenas de jornalistas voltaram suas baterias ao tema que realmente lhes interessava: continuar a desgastar as relações entre os governos brasileiro e boliviano, que passam por trepidações por causa das negociações sobre a situação da Petrobras naquele país após o decreto de nacionalização do gás anunciado pelo presidente Evo Morales no último dia 1º.
Apesar da repercussão na imprensa brasileira, segundo a Agência Brasil, Amorim reafirmou a possibilidade do Brasil tomar medidas mais fortes nas negociações com a Bolívia sobre a nacionalização do gás natural. "Nós agiremos com firmeza, mas também sem precipitação. Não podem esperar que o Brasil aja precipitadamente, mas isso não exclui a firmeza. E ela será mostrada da maneira adequada, nos momentos adequados", afirmou o chanceler.
Questionado por repórteres incisivos, ele esclareceu que a retirada do embaixador brasileiro de La Paz não é uma alternativa no momento. "Nós não vamos retirar o embaixador simplesmente pelo que ainda está sendo discutido. Agora, evidentemente, se nós verificarmos que não há diálogo possível, nós vamos examinar as opções que existem", disse o chanceler.
Pressionado, Amorim disse: "Eu prefiro não ficar discutindo todos os meios que nós vamos usar porque eu acho que isso não é produtivo. Nós demos a nossa reação, de maneira forte", avaliou. "Não vou ser impulsionado por reações midiáticas. Não quer dizer que não serão reações fortes, eu não estou excluindo que certas coisas possam ocorrer". Segundo o ministro, ainda há a expectativa de que ocorra em breve um encontro dos presidentes Lula e Morales, e ele, Amorim, "em princípio", tem viagem marcada à Bolívia para a próxima semana.
Evolução
Entretanto, o chanceler acredita que a situação entre os dois países já evoluiu desde ontem, quando o presidente boliviano Evo Morales afirmou que a Petrobras operava ilegalmente na Bolívia, devido ao fato de os contratos não terem sido submetidos ao parlamento. "Isso não é responsabilidade da Petrobras. Não é a Petrobras que tem que mandar contrato para o Congresso da Bolívia", defendeu Celso Amorim. "A responsabilidade era dos governantes bolivianos, que estavam lá. Se eles fizeram alguma coisa errada, eles que respondam por crime de responsabilidade, não é a Petrobras."
O ministro ressaltou ainda o contraste entre as declarações de Morales e as discussões entre os representantes dos dois países, incluindo recentes conversas com um ministro boliviano. "Nas conversas, o ministro boliviano falou que quer mais investimentos. Ora, quem quer mais investimento, quer entendimento. Não pode haver mais investimento e ao mesmo tempo confisco".
Amorim disse que há "confusão" quanto aos termos relacionados às indenizações às empresas petrolíferas. Ele supõe, por declarações de outros membros do governo boliviano, que está vetada a possibilidade de indenização pelo direito de exploração do gás e, não, pelos equipamentos e instalações das empresas. "Naturalmente que os investimentos feitos pelo Brasil, seja em bens, em equipamentos, seja em tecnologia, se eles passarem para outro controle de alguma maneira, tem que haver uma compensação", disse o chanceler. "E, se houver alguma disputa legal, há instrumentos jurídicos que amparam os investimentos da Petrobras na Bolívia. Eles serão naturalmente acionados se não for encontrada uma solução que seja satisfatória".
Da Redação
Com agências.