Sinsesp lança nota de repúdio a assassinato de sindicalista
O Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo (Sinsesp) acaba de lançar nota sobre o assassinato de Anderson Luiz Souza Santos, ocorrido há um mês. Anderson era presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Frios e La
Publicado 11/05/2006 19:40
O assassinato de pessoas, prática cotidiana infelizmente cada vez mais freqüente em nosso país, fez mais uma vítima. Desta vez um jovem sindicalista, lutador do povo, socialista e revolucionário, o companheiro Anderson Luiz Souza Santos.
Dirigente sindical do SINTAFRIOS do RJ (Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Frios e Laticínios do RJ e da Baixada Fluminense), Anderson destacou-se em sua curta vida como uma chama animadora do calor da luta pela liberdade e dignidade das pessoas.
Desde a juventude, em São João de Meriti, cidade onde viveu e morreu, dedicou-se à luta social. Foi militante do movimento negro, fez parte do Pré-vestibular para Negros e Carentes (PVNC) organizado na sua cidade pela Pastoral Negra e pela Pastoral da Juventude. Aliou seu combate ao racismo, às manifestações artísticas e culturais surgidas na Baixada Fluminense, como o Hip-Hop e o teatro de rua. Com isto demonstrou como é importante para a juventude, alternativas que construam identidades e protagonismos juvenis que possam atrair milhares de jovens, hoje infelizmente seduzidos pela força e presença do tráfico de drogas e da criminalidade, ambos alimentados pela voracidade da ideologia do mercado e do lucro. A militância socialista do jovem camarada se desenvolveu desde cedo, ainda no calor da luta pelo passe-livre nos ônibus em São João de Meriti.
Anderson Luís não foi um dirigente sindical qualquer. Seu dinamismo o capacitou e o elegeu para a direção da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Alimentação, conferindo-lhe status de dirigente nacional da CUT. Sua militância trotskista na IV Internacional ampliou o raio de ação de sua militância em escala internacional, depois que passou a representar sua entidade nacional na União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação (UITA). Recentemente, sua ação e de seu sindicato na conquista de inúmeros acordos coletivos favoráveis aos trabalhadores de sua base sindical, teve como reflexo dessa atuação a migração para o SINTAFRIOS de inúmeros trabalhadores que eram filiados a antigos sindicatos regionais – a maioria ligada ao patronato. Também vinha apoiando várias chapas cutistas e progressistas em outros sindicatos da região, atualmente dirigidos por pelegos. Talvez esta sua atitude digna e coerente, honrando seu mandato sindical, tenha desagradado empresários e sindicalistas pelegos da região fato que, eventualmente, possa ter constituído motivação para o seu assassinato, configurando um crime de natureza política.
Hoje, quando a luta sindical converte-se em uma ação institucional cada vez mais vinculada à dinâmicas empresariais e governamentais e não a luta dos trabalhadores, e está cada vez mais distante do chão da fábrica, do ambiente dos escritórios e das escolas e do chão de terra das plantações;
Hoje, quando a luta sindical apóia-se mais na luta por verbas, cargos e contratos, atendendo à voracidade de muitos dirigentes preocupados mais com suas carreiras do que com as necessidades de seus representados, as suas bases de trabalhadores e associados; Hoje, quando a luta sindical abandona a organização dos trabalhadores no mundo da produção e converte-se cada vez mais no manejo de arranjos em gabinetes atapetados na busca por verbas de representação e projetos que financiam interesses alheios à organização dos trabalhadores; Hoje, quando é triste constatar que lutadores como o camarada Anderson, pagam com suas vidas a defesa dos interesses dos que garantem o pão de cada dia com o suor de seus rostos, organizando a luta contra salários de fome e condições de trabalho indignas;
Hoje, é preciso dizer não à violência assassina que vitimou o camarada Anderson. E somando-se ao esforço do Comitê pela Apuração do Assassinato, exigir dos governos a apuração e punição dos culpados, impedindo que a morte do camarada Anderson se converta em mais um caso insolúvel. Mas destacando, acima de tudo, o exemplo de uma vida que se apagou e iluminou, mesmo com sua morte, a chama da luta pela liberdade, pelos direitos dos trabalhadores e pelo socialismo.
SINSESP
Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo
Maio De 2006