Matias acusa a prefeitura de “homofobia” por não colaborar com a organização da parada e pedir para que o evento se encerre às 18 horas. Cássio Rodrigo, da CADS, no entanto, rebate as acusações afirmando que a prefeitura está “plenamente comprometida” com a realização da parada. "Não poderia ser diferente, uma vez que o evento é parte do calendário oficial da cidade e há, na estrutura da própria prefeitura, uma coordenadoria específica para a comunidade GLBT". ]
Cássio atribuiu o impasse à recusa pela assinatura do TAC, que já teria sido firmado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pela Marcha para Jesus. Como os três eventos (1º de maio da CUT, Marcha para Jesus e Parada do Orgulho) são realizados na Avenida Paulista em datas próximas, o termo seria uma garantia de “preservação do espaço público”. Quanto à alegação de que o encerramento seria às 18 horas, Cássio nega, embora a cláusula conste da TAC. "Desde o início eles, da associação, sabem que o MP e a prefeitura concordaram com o horário das 22 horas".
Outros pontos de discordância estão na solicitação de transferência da Feira Cultural, realizada até 2005 no Largo do Arouche, para o Vale do Anhangabaú, devido ao aumento do público. Após ter sido acordada a transferência, a CADS avisou posteriormente que o Vale já estará ocupado com atividades relacionadas à Copa do Mundo. “Sugerimos a transferência para a região do Parque da Luz, conseguimos o apoio da empresa PlayCorp, que cederia o palco, e também que a Pinacoteca e o Museu da Língua Portuguesa proporcionassem entradas gratuitas e atividades no dia do evento. No entanto, a associação respondeu que isso não interessava para seu público". A região da Luz, segundo a Associação, não tem uma identificação com a comunidade GLBT, além de estar associada com o tráfico de drogas e a marginalidade, ao contrário dos demais locais tradicionais de manifestação.
Amanhã (12), os participantes da reunião de ontem terão audiência com José Carlos de Freitas, promotor de Justiça de Habitação e Urbanismo, para debater os encaminhamentos da situação.
Leia nota da APOGLBT-SP, divulgada hoje:
A Prefeitura do Município de São Paulo, por meio da Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual (CADS) da Secretaria Especial de Participação e Parcerias, tem divulgado à mídia informações que não correspondem à realidade sobre a Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT SP) e sobre as dificuldades que envolvem a realização das atividades do Mês do Orgulho GLBT deste ano. Diante do exposto, a APOGLBT SP esclarece:
1. Não é verdade que a prefeitura de São Paulo tenha disponibilizado R$ 260 mil à APOGLBT SP e que esta Associação tenha sido intransigente por recursos da ordem de R$ 1 milhão. Esclarecemos que os R$ 260 mil são oriundos do orçamento municipal e que este valor sequer foi divulgado à APOGLBT SP nos anos anteriores. Além disso, esta verba é destinada ao pagamento da infra-estrutura utilizada pela SP Turis, empresa mista de propriedade da prefeitura municipal, que recebe os recursos pelos serviços prestados.
2. Em 31 de março, quando a CADS divulgou que a prefeitura paulistana apoiaria a realização da Parada no próximo dia 17 de Junho com os R$ 260 mil, também divulgou que na semana seguinte seria realizada reunião do Grupo de Trabalho (GT) que reúne órgãos da prefeitura (SP Trans, CET, SP Turis, Sub-prefeitura da Sé, GCM) e do Estado (Polícia Militar e Metrô) para afinar as ações conjuntas, que visam a segurança das milhares de pessoas participantes da manifestação e minimizar os impactos negativos para a cidade. Informamos que até a presente data nenhuma reunião foi chamada. Mais ainda, a CADS informou à APOGLBT SP que nenhuma reunião do GT seria viabilizada sem que fosse assinado o TAC (Termo de Ajuste de Conduta).
3. Sobre a Feira Cultural GLBT, que até o ano passado foi realizada no Largo do Arouche, informamos que neste ano optamos pelo Vale do Anhangabaú devido ao porte da atividade. A solicitação foi feita no mês de janeiro e somente há duas semanas fomos informados que uma empresa já havia solicitado o Vale para atividades durante a Copa do Mundo e que o patrocinador do evento não cederia o espaço público a ela disponibilizado por não querer associar sua marca à população de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros. Após isso, a Subprefeitura da Sé ofereceu o espaço da Nova Luz, que procuramos negociar em favor do retorno ao Arouche, dado o fato de não haver identidade da comunidade GLBT com a região da Luz; nos disponibilizamos, ainda, a colaborar na revitalização da Nova Luz em atividades futuras, mas não no Mês do Orgulho.
4. Sobre o Termo de Ajuste de Conduta, a APOGLBT SP em momento nenhum se recusou a assiná-lo. Houve apenas uma solicitação de que o documento nos fosse enviado para que pudéssemos lê-lo na íntegra, uma vez que não nos foi disponibilizado na reunião ocorrida no Ministério Público Estadual na sexta-feira, 05/05, e para que pudéssemos discuti-lo com o movimento. O documento proposto, encaminhado à APOGLBT apenas em 09/05, traz uma série de restrições ao formato tradicional da Parada, estabelece pesadas multas para o descumprimento de cada item, reagenda a Parada para o domingo, 18/06, e prevê que a APOGLBT SP se comprometa, por si e seus sucessores, a não mais realizar a manifestação na Avenida Paulista. O que está sendo discutido com o movimento neste momento é o fato de que um compromisso em não mais utilizar a Avenida Paulista vai em direção contrária a um direito constitucional de manifestação pública que cabe a todo movimento social. Se há intransigência, ela vem das manifestações que vem ocorrendo por parte da Prefeitura na imprensa, uma vez que em momento nenhum retornamos com uma resposta oficial negativa quanto a assinatura ou negociações em relação a tal documento.
Associação do Orgulho GLBT de São Paulo.
Fonte: Portal do PT / Cezar Xavier