Espelho de ponto de diretor do Sindicato desmascara estratégia da Resil
Ele conta que, há cerca de dois meses, a Resil demitiu um candidato a CIPA sob a acusação de que ele havia pedido a outro trabalhador para registrar no cartão de ponto horas extras não realizadas. Depois disso, apesar de demiti
Publicado 10/05/2006 15:24 | Editado 04/03/2020 16:52
Espelho de ponto de diretor do Sindicato
desmascara estratégia da Resil
“Cipeiro foi vítima da mesma manipulação que a empresa tentou comigo”, alerta Denílson da Silva.
Uma situação vivida há poucos dias pelo diretor do Sindicato Denílson da Silva mostrou como a Resil manipula a anotação de horas extras em prejuízo dos trabalhadores que a empresa quer ver fora da fábrica e deve servir de alerta para os trabalhadores. “A Resil está usando o espelho de ponto para retirar da fábrica os trabalhadores que ela não quer ver por lá. Isto aconteceu recentemente com um cipeiro. Agora, por pouco não me tornei uma nova vítima”, adverte.
Ele conta que, há cerca de dois meses, a Resil demitiu um candidato a CIPA sob a acusação de que ele havia pedido a outro trabalhador para registrar no cartão de ponto horas extras não realizadas. Depois disso, apesar de demitido, o trabalhador foi eleito pelos colegas e a empresa se viu obrigada a reintegrá-lo à fábrica. “Agora, com o fato ocorrido comigo, descobri o que havia por detrás daquela demissão. Na realidade, a Resil não queria que ele fosse eleito e usou o espelho de ponto para demiti-lo”, diz.
Segundo o diretor do Sindicato, no seu espelho de ponto de abril constavam 22 horas extras. Detalhe: por princípio, ele não faz horas extras. “Percebi, então, que a empresa queria fazer comigo o mesmo que fez com o cipeiro: me acusar de receber por horas extras que eu não havia feito”, diz. Ao constatar a irregularidade, Denílson não assinou o espelho. “Se eu assinasse, estaria incriminando a mim mesmo, já que a assinatura implica concordância com o que está escrito lá”, explica.
Cilada
Ao ler com atenção o espelho, o diretor do Sindicato notou ainda que a manipulação chegava ao cúmulo de fazer constar no documento que, no dia 5 de abril ele teria deixado a fábrica às 07h12 para, no mesmo dia, retornar às 07h09. “Ou seja, eu nem havia terminado uma jornada e já estava de volta à fábrica. A manipulação foi grosseira”.
Dias depois, Denílson solicitou do setor responsável outro espelho de ponto e, para sua surpresa, as horas extras não apareciam mais. “No novo espelho, constava que eu havia deixado a fábrica às 17h11 do dia 4, como efetivamente ocorreu. A Resil quis armar uma cilada para mim, mas descobri a tempo e não assinei o espelho”.
Ele orienta os colegas a fazerem o mesmo: “É importante que todo trabalhador confira as anotações antes de assinar o espelho, para não ser prejudicado. Aliás, não só o espelho como qualquer documento fornecido pela empresa”.
Pressões levam ferramenteiros a pedir demissão
Segundo o diretor do Sindicato Mário Ishiba, que também trabalha na Resil, as pressões e humilhações sofridas pelos metalúrgicos da Ferramentaria têm feito com que vários deles peçam demissão. Com isso, a Resil tem perdido funcionários experientes. “São situações que não podem ocorrer em uma empresa que deseja figurar entre as melhores do país”, observa.
De Betim
Alexandre Magalhaês