Itamar elogia governo e deixa no ar hipótese de ser vice de Lula

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Itamar Franco, pré-candidato do PMDB à presidência, foi indagado pela repórter Renata lo Prete acerca da possibilidade de compor a chapa de Lula como candidato a vice-presidente da Re

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Itamar Franco, pré-candidato do PMDB à presidência, foi indagado pela repórter Renata lo Prete acerca da possibilidade de compor a chapa de Lula como candidato a vice-presidente da República. Ele não rechaçou a hipótese. Saiu-se à mineira: "Se eu admito que seria vice do Lula, estaria enfraquecendo minha pré-candidatura".
 

Itamar administrou críticas aos governos Lula e FHC. Foi mais parcimonioso na dosagem de reprovação do primeiro. Em meio à censura, intercalou elogios. Disse que Lula, "embora peque em alguns aspectos", "está fazendo um bom governo". Falta-lhe modéstia. "O maior problema de Lula é que ele está perdendo a humildade. Foi o que aconteceu em parte com FHC. É ruim para o país", disse.
Durante a entrevista, encerrada no início da madrugada desta terça-feira, o ex-presidente lembrou que, em 1992, o PT recusou-se a integrar o governo dele."O PT nos negou apoio quando os procuramos. Nós tentamos atrair o PT com o programa de segurança alimentar, mas o partido se afastou e quase acabou com a Erundina, quando ela foi nomeada ministra", afirmou Itamar, que era vice de Fernando Collor e assumiu depois que o titular sofreu o impeachment.
 
José Dirceu

Instado a comentar a decisão da OAB de mandar ao arquivo a proposta de abrir um processo por crime de responsabilidade contra Lula, Itamar disse que "impeachment é devaneio". Ele também afirmou que não está convencido da participação do ex-ministro José Dirceu no escândalo do mensalão. "Para mim, até provem o contrário, não há nada contra ele. Acho que sua cassação foi política", afirmou Itamar.

Ao ser questionado sobre a visita que Dirceu lhe fez em abril, Itamar disse que o ex-ministro é seu amigo e negou que Dirceu o tenha estimulado a ser pré-candidato a presidente para enfraquecer Garotinho.

Itamar também afirmou que, quando era presidente, criou uma comissão para inibir, fiscalizar e punir casos de corrupção na administração federal. O peemedebista disse que FHC dissolveu a comissão quando assumiu a Presidência da República, em 1995.

De acordo com Itamar Franco, FHC não era sua primeira opção como candidato a presidente em 1994. O escolhido era Antonio Brito, então ministro da Previdência Social, que contava com prestígio nacional. Brito julgou-se muito jovem e preferiu disputar o governo do RS (foi eleito).

Disputa no PMDB

Questionado sobre seu adversário no PMDB, Anthony Garotinho, Itamar negou-se a falar sobre o ex-governador fluminense, que mantém greve de fome. "Não seria leal comentar a situação de Garotinho. Não posso olhar o que é que o outro está fazendo".

Mas Itamar atacou correligionários que, segundo ele, trabalham para que o PMDB não lance candidato. "Não entendo o raciocínio de elementos do partido que estão agregados ao poder e preferem que o PMDB não tenha candidato".

O PMDB realiza prévia no próximo sábado, dia 13, para definir se lança candidato próprio ao Planalto.

Política externa

O ex-presidente também criticou a política econômica de FHC e a atual e afirmou que, sob seu governo, o PIB cresceu 5,8%, em 1994.

O ex-presidente também atacou a política externa de Lula, ao ser indagado sobre a nacionalização do gás na Bolívia, e atribuiu a FHC o aumento da dependência do gás bolviano, para ele um erro da política externa do Brasil. "A realção diplomática foi frágil. Não era preciso enviar tropas para a Bolívia, mas reagir com mais firmeza".

Itamar lembrou que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ocupava a mesma função em seu governo, mas ressalvou. "O Brasil não deveria ter enviado tropas ao Haiti, que precisa de apoio humanitário, não de militares".

Participaram do programa de ontem, como entrevistadores, os jornalistados Alexandre Machado, editor de política da TV Cultura; Carlos Marchi, repórter e analista de política do Jornal O Estado de S. Paulo; Renata Loprete, editora do Painel do jornal Folha de S. Paulo; Guilherme Evelin, editor de Brasil da Revista Época; Mauro Santayana, colunista político do Jornal do Brasil e da Agência Carta Maior; Josemar Gimenez, diretor de redação dos jornais Correio Braziliense e Estado de Minas.

Da redação,
Cláudio Gonzalez,
com informações das agências