Ex-assessora do Ministério da Saúde delata parlamentares
Atualizada às 22h
A ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino, acusada de participar da quadrilha que fraudava licitações para compra de ambulância, prestou depoimento novamente à Polícia F
Publicado 09/05/2006 22:02
Ontem, o advogado da ex-assessora, Eduardo Mahon, pediu delação premiada para que ela fosse ouvida novamente. A ida de Maria da Penha Lino à PF na noite passada correspondeu a esse segundo depoimento. O fato de ter pedido a delação não torna a ex-assessora culpada, mas é a confirmação de que ela possui dados sobre o funcionamento da quadrilha.
Penha revelou, segundo seu advogado, que 170 parlamentares participavam das fraudes dedicando emendas à compra de ambulâncias e recebendo em troca 10% a 15% do valor da emenda como propina, num esquema que movimentou pelo menos R$ 110 milhões. "Ela marcou os nomes em uma lista. Mas não vou revelá-los. Seria leviano", afirmou o advogado.
Mahon disse que, nos próximos dias, Penha continuará dando depoimentos diários às autoridades para detalhar a participação de cada um dos parlamentares citados no esquema.
A ex-assessora está presa desde quinta-feira (6) e deverá permanecer por, pelo menos, mais cinco dias. No mesmo dia da prisão, foi exonerada do cargo.
Lista dos 64 aumentou para 170
A primeira lista que circulou na imprensa com nomes de parlamentares supostamente envolvidos no escândalo continha 51 nomes. Dias depois, uma nova lista, elaborada pela Polícia Federal foi divulgada com o nome de 64 parlamentares.
A PF esclareceu que não foi responsável pela divulgação da lista para a imprensa e ressalvou que a citação dos 63 deputados e 1 senador não significa que estes parlamentares tenham envolvimento com o escândalo. A PF apenas listou os nomes que foram citados pelos envolvidos durante as escutas telefônicas feitas pela polícia com autorização judicial.
Alguns parlamentares, sobretudo da oposição, ficaram indignados com a inclusão de seus nomes na lista. Alguns deles, como Denise Frossard (PPS-RJ), Rodrigo Maia (PFL-RJ) e Eduardo Paes (PSDB-RJ) foram integrantes da extinta CPI dos Correios e, durante os trabalhos da CPI, não titubearam em acusar, na maioria das vezes sem provas, as pessoas que tiveram seus nomes citados por algum motivo no chamado escândalo do mensalão.
Rodrigo Maia chegou a distribuir para a imprensa uma lista com os nomes de parlamentares e assessores que estiveram no prédio de Brasília onde funciona uma agência do Banco Rural alegando que estiveram lá para receber recursos do chamado "valerioduto". Mais tarde ficou comprovado que esta relação não existia. Até hoje nem Rodrigo Maia nem os jornais e emissoras de rádio e TV que divulgaram a listagem pediram desculpas pela injustiça. Agora, Maia e outros colegas estão provando eles próprios o gosto amargo do denuncismo.
Segundo informação que está circulando em diversos blogs da internet e que certamente estará nas edições impressas dos jornais desta quarta-feira, além do senador Ney Suassuna (PMDB-PB) e dos 64 nomes de deputados já identificados pela PF, ela revelou que também participariam do esquema os deputados Ann Pontes (PMDB-PA), Jovair Arantes (PTB-GO), Almerinda de Carvalho (PMDB-RJ), Carlos Dunga (PTB-PB), Coriolano Sales (PFL-BA), Inaldo Leitão, Feu Rosa (PP-ES), Gilberto Nascimento (PMDB-SP), entre outros.
Corregedor recomenda cassação
O corregedor-geral da Câmara, deputado Ciro Nogueira, afirmou hoje que os deputados que receberam dinheiro para colocar emenda no orçamento pela Operação Sanguessuga têm que ser "sumariamente" cassados.
Da redação, Cláudio Gonzalez
com informações das agências