Amorim: Bolívia é país estratégico
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, fez hoje uma contundente defesa da diplomacia brasileira adotada com o governo de Evo Morales após o anúncio do decreto “Heróis do Chaco” que nacionaliza o gás boliviano. "A
Publicado 09/05/2006 13:01
Segundo Amorim, que a relação do Brasil com a Bolívia é de política de Estado. Ele disse que o Brasil considera fundamental a integração com aquele país. "Não foi o presidente Lula que elegeu Evo Morales. Quem o elegeu foi o povo da Bolívia e nós temos de respeitar esse fato".
O ministro afirmou que apesar de toda a instabilidade política na Bolívia nos últimos anos, o país "tem sido um fornecedor confiável" de gás. Ele também lembrou que a Bolívia é o país com maior fronteira com o Brasil. "A Bolívia é um país com o qual nós teremos que nos integrar de uma forma ou de outra. Ou nós nos integramos pelo bem, pelo comércio, pela tecnologia, pela cooperação e abertura ou nos integramos pelo mal, pelo narcotráfico, a guerrilha e o contrabando", disse.
Amorim afirmou que a integração sul-americana continua a ser um objetivo e que é favorável ao gasoduto Brasil-Bolívia. Mas destacou que em nenhum momento houve a idéia de que o Brasil vai se relacionar apenas com governos de esquerda. "Vamos nos relacionar com todos os governos".
Dependência
O ministro admitiu, entretanto, que o Brasil tem uma "vulnerabilidade" na relação de interdependência com a Bolívia na questão do gás. "Não somente por decisões políticas que o presidente Evo Morales possa vir a tomar mas também por desafios naturais, como a tempestade que rompeu o duto entre Brasil e Bolívia recentemente. Tempestades podem ser naturais, sociais ou políticas", disse Amorim.
Entretanto, Amorim – que participou de audiência pública promovida pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado – lembrou que a relação de interdependência dos dois países vem de outros governos. Segundo ele, do investimento de US$ 1 bilhão da Petrobras na Bolívia, 92% foram entre 1996 e 2002 e o resto foi entre 2003 e 2005. "Isso mostra como a Petrobras neste governo agiu com prudência".
Ele também voltou a defender o aumento da capacidade brasileira de exploração de gás e da diversificação das fontes supridoras.
O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e o ministro Silas Rondeau (Minas e Energia) estão hoje na Venezuela e se reúnem amanhã com autoridades bolivianas para discutir temas relativos ao gás. Com o primeiro país, o Brasil quer discutir a construção de um gasoduto sul-americano de mais de 8.000 km, que custaria cerca de US$ 25 bilhões. Já com o segundo, Gabrielli e Rondeau devem negociar os preços do gás fornecido ao Brasil. Hoje o país paga US$ 3,26 por milhão de BTU (medida de gás), mas o presidente Evo Morales defendeu a elevação desse preço em US$ 2. Para o Brasil, esse valor é inviável.
Segundo Amorim, a negociação dos preços, assim como o das indenizações que deverão ser pagas para a Petrobras devido à nacionalização do gás e do petróleo, serão "longas e difíceis".
Sobre o anúncio do governo Evo Morales de realizar a reforma agrária com a desapropriação de terras de brasileiros localizadas a uma distância de até 50 km da fronteira entre os países, Amorim informou que o Itamaraty está atento e que faz gestões para garantir que o foco da reforma agrária sejam terras improdutivas ou que não estejam de acordo com as leis bolivianas. "E as [propriedades] brasileiras são bastante produtivas", disse.
Da Redação
Com agências