Uruguai prende militares requisitados pela Argentina
A Justiça do Uruguai acatou o pedido de detenção feito pelo juiz argentino Guillermo Montenegro de cinco militares e de um policial por participação no desaparecimento de María Claudia Irureta Goyena, nora do poeta
Publicado 06/05/2006 13:09
Encarregada da tarefa, a Interpol (Polícia Internacional) deteve o coronel reformado José Ricardo Arab Fernández. Nas próximas horas, a Interpol deve prender os demais requisitados: os oficiais José Nino Gavazzo Pereira, Ernesto Avelino Rama, Jorge Alberto Silveira Quesada e Gilberto Vázquez Bisio e o ex-policial Ricardo Medina Blanco.
Montenegro também pediu a extradição do ex-Chefe do Exército do Uruguai, o tenente-general Julio Vadora, que morreu há 15 meses. O pedido de extradição foi apresentado na tarde da sexta-feira ao Ministério de Relações Exteriores pelo embaixador da Argentina no Uruguai, Hernán Patiño.
O governo encaminhou imediatamente o assunto à Justiça, repassando em primeira instância ao juiz penal, Gustavo Mirabal. Foi ele quem extraditou três militares uruguaios ao Chile por suposta participação na morte do ex-agente da Dina no regime de Pinochet Eugenio Berríos. Os oficiais solicitados pela Argentina não foram julgados no Uruguai graças à "Lei de Prescrição", que perdoou os militares.
No entanto, eles podem ser extraditados porque o seqüestro e o desaparecimento da nora do poeta argentino Gelmán não estão incluídos nas ações de violação dos direitos humanos pelo regime militar. María Claudia García Irureta foi detida pelas forças da repressão em 24 de agosto de 1976 em Buenos Aires. Ela estava com seu marido Marcelo Gelman, filho do poeta, cujo corpo foi encontrado na capital argentina pouco após sua detenção.
Escavações
García estava grávida de sete meses quando foi levada do centro de detenção clandestino "Automotora Orletti" de Buenos Aires para Montevidéu, junto com um grupo de presos de nacionalidade uruguaia que foram libertados mais tarde. A neta do poeta nasceu em dezembro de 1976 no Hospital Militar da capital uruguaia. Após o parto, María Claudia desapareceu e a menina foi adotada por um casal uruguaio sem filhos, que não sabia a origem da criança.
A menina foi encontrada após uma investigação feita por Gelmán e apoiada pelo então presidente do Uruguai, Jorge Batlle, em março de 2000. Em junho daquele ano, a identidade da menina foi comprovada através de exames de DNA. Por ordem do governo do presidente Tabaré Vázquez, atualmente antropólogos uruguaios fazem escavações em quartéis atrás dos restos de María Claudia García. Dois outros corpos de desaparecidos já foram localizados.
Com agências