Por um 1º de Maio de luta contra o retrocesso e pelas mudanças

Por João Batista Lemos*

A Corrente Sindical Classista (CSC) se dirige à classe trabalhadora neste 1º de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores, para conclamar à unidade e luta contra a ameaça

Vivemos um momento caracterizado por uma crescente resistência dos povos à ofensiva neoliberal movida contra as forças do trabalho pelos EUA e outras potências imperialistas. A situação internacional começa a dar claros e promissores sinais de mudança. Partidos de esquerda e os movimentos sociais recuperam energia e parecem a caminho de superar a posição de defensismo estratégico a que foram constrangidos após a derrota histórica do socialismo, iniciando uma reação que, em maior ou menor grau, pode ser observada em diferentes regiões do globo.
A resistência assume formas mais radicais no Oriente Médio, com destaque para o Iraque, onde está em curso desde 2003 uma tenaz e heróica insurgência contra a ocupação anglo-americana. Pode ser notada também nas grandiosas manifestações em defesa dos direitos sociais na Europa, na rebelião dos jovens franceses desempregados, nas greves e passeatas vitoriosas contra a precarização dos contratos de trabalho e na forte oposição à Constituição neoliberal da União Européia.

Na América Latina

Em nossa América Latina, é sensível o avanço eleitoral dos partidos de esquerda e das forças progressistas. A revolução bolivariana, em curso sob a liderança de Hugo Chávez, é a experiência mais avançada no sentido de apontar uma alternativa concreta ao neoliberalismo. Os EUA estão colhendo sérias derrotas políticas. A Alca não decolou. Em contrapartida, ganha força a idéia de uma integração solidária dos países latino-americanos.
O anseio por transformações econômicas e políticas mais profundas subjacente aos êxitos das forças progressistas é uma resposta à degradação social e nacional decorrente da aplicação do projeto neoliberal em todo o mundo e em especial na América Latina. Apresentar uma alternativa conseqüente ao neoliberalismo, capaz de promover desenvolvimento com base na valorização do trabalho e a integração solidária da região, é o grande desafio dos movimentos sociais nesta altura da história. O neoliberalismo é a expressão ideológica, econômica e política do capitalismo do nosso tempo. Suas conseqüências são sobejamente conhecidas: agravamento da crise econômica, política e social; desemprego massivo; estagnação; depreciação do trabalho.

A classe trabalhadora precisa situar-se com clareza

A classe trabalhadora constitui a força social mais interessada na superação deste fracassado projeto do capital. É também quem reúne as melhores condições de se opor à dominação do capital financeiro internacional e levar a bom termo a luta nacional pelo desenvolvimento com soberania e valorização do trabalho.
Não podemos esquecer que, no Brasil, a eleição de Lula em 2002 refletiu a onda mudancista em curso no mundo e na América Latina, constituindo um significativo revés para o neoliberalismo. Apesar das limitações objetivas e subjetivas do atual governo, cabe ressaltar avanços significativos como o reforço de empresas estatais como a Petrobrás (que conquistou neste ano a auto-suficiência nacional em petróleo), a interrupção do processo de privatizações, a relação democrática com os movimentos sociais, o congelamento da “reforma trabalhista”, o crescimento do emprego formal, o reforço do Mercosul e a defesa da unidade política e integração econômica solidária da América Latina.

A plataforma das mudanças

A classe trabalhadora precisa situar-se com clareza frente à grande batalha eleitoral que sobressai no calendário político de 2006. O pleito tende a ser polarizado entre as forças de centro-esquerda que constituem a base do governo Lula e a direita neoliberal, capitaneada pelo PSDB e PFL. Nossa luta deve ser orientada no sentido de evitar a possibilidade de retrocesso neoliberal, que ressuscitaria a moribunda Alca e daria novo fôlego à agenda imperialista de privatizações, enfraquecimento do Mercosul, flexibilização e supressão de direitos sociais, repressão dos movimentos sociais.   
Sem perder de vista sua independência de classe e seus interesses estratégicos, a Corrente Sindical Classista conclama à mais ampla unidade e luta contra o retrocesso neoliberal, ao mesmo tempo em que defende a recomposição das forças de centro-esquerda que compõem o governo Lula com base numa repactuação política e programática de sentido mudancista, fundamentada em uma nova orientação da política econômica, metas de crescimento e emprego, redução substancial das taxas de juros, ampliação dos gastos públicos, reforço do Mercosul e da unidade das nações latino-americanas.
Ao lutar contra o retrocesso neoliberal, é preciso abrir caminho para a consecução de um novo projeto nacional de desenvolvimento, fundado na soberania e na valorização do trabalho e voltado para a integração solidária da América Latina. Neste rumo estaremos também apontando a perspectiva de transformações sociais ainda mais profundas, de sentido anticapitalistas e orientadas para um novo e mais avançado sistema social – o socialismo.
Como bandeiras deste 1o de Maio e tendo em vista o debate político com vistas às eleições que se avizinham, a CSC apresenta à apreciação da classe trabalhadora uma plataforma classista composta pelos seguintes pontos:
1-       Novo projeto nacional de desenvolvimento, com soberania e valorização do trabalho

 

2-       Mudança da política econômica

 

3 – pleno emprego

 

4 – universalização dos serviços públicos

 

5- elevação do nível de escolaridade da classe trabalhadora

 

6- defesa da soberania nacional

 

7- defesa da paz mundial

 

8 – por reformas democráticas

 

9 – defesa do meio ambiente

 

10- não à discriminação no trabalho
11- pelo socialismo

* Coordenador naciona da Corrente Sindical Classista