Organizações sociais consideram positivo atraso da “armadilha” da OMC
Entidades da sociedade civil preparam-se para pedir maior transparência nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC). Na quarta-feira (8), o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim s
Publicado 01/05/2006 16:12
"Vamos conversar sobre a posição do G20 e saber o estágio das negociações. Vamos cobrar uma posição mais transparente", diz Iara Pietricovsky, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), representante da Rede Brasileira de Integração dos Povos (Rebrip). As organizações também tentarão agendar encontros com outros ministros. "Continuamos achando que este processo é uma cilada não só para os países em desenvolvimento. È uma reorganização das estruturas de poder e de comércio, que estão reordenando a estrutura de produção e trabalho no mundo", avalia Iara.
Conflitos de interesses
Independente da mobilização dos movimentos sociais contra a OMC, as negociações não estão avançando como esperado pelo descompasso de interesses: exportadores agrícolas, como o Brasil, têm interesse em acesso a mercados e eliminação de do apoio concedido por europeus e americanos aos seus produtores. Europa e Estados Unidos não querem ceder nestes dois pontos e pedem a abertura do setor de serviços e redução de tarifas para bens industriais nos países em desenvolvimento.
"O governo brasileiro está fazendo um esforço grande para que as negociações avancem, mas não está cedendo porque tem posições consolidadas", reconhece Iara. Para Fátima Mello, a falta de consenso na OMC é algo altamente positivo: "Isso é indicativo de algo maior, de que os países do Sul do planeta estão cansados de abrir seus mercados", avalia.
Diante da falta de avanços dos grupos negociadores, o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, desistiu de convocar uma reunião mini-ministerial para o final do mês, como anteriormente anunciado. Ainda assim, ministros de diversos países – inclusive o chanceler brasileiro, Celso Amorim – decidiram ir a Genebra para reuniões informais.
"O dilema, agora, é que não adianta marcar reuniões e depois dizer para o mundo que não conseguirem nada. Isso mina a credibilidade, por isso estão partindo para negociações cada vez mais fechadas", avalia Fátima Mello, secretária-executiva da Rede de Integração dos Povos (Rebrip). Na Cúpula Ministerial de Hong Kong, em dezembro passado, os negociadores definiram o dia 30 de abril como prazo para fechar o documento de modalidades – que são parâmetros para os acordos nos diferentes setores.
Em discurso reproduzido na página oficial da OMC, Lamy reconheceu que o prazo não será cumprido. Por isso, a agenda da OMC para os próximos dias prevê apenas reunião ordinária do comitê de negociações comerciais amanhã (1º).
Apesar disso, o governo brasileiro decidiu aproveitar a presença informal de outros ministros. De sexta (29) a terça-feira (2), Celso Amorim se reune com ministros e com Lamy. Também participará de reunião do G-20 e deverá encontrar outros ministros.
Fonte: Agência Brasil