''Vitória do povo'': nepaleses comemoram
Milhares de nepaleses exultantes se concentraram nesta terça-feira (25) diante do ultra-policiado palácio real, no centro de Katmandu, proclamando a “vitória do povo” depois do recuo do rei Gyanendra. Os populares davam-se as mão
Publicado 25/04/2006 17:50
“É a vitória do povo nepalês. Estamos orgulhosos do sangue derramado. Estamos orgulhosos de nosso povo”, disse Rasuul Jha, de 15 anos, ao jornal indiano Daily Telegraph. Num país com dois terços de habitantes com menos de 35 anos de idade, foi basicamente a juventude que garantiu o triunfo das ruas sobre o palácio.
“O povo aceitou o poder do povo”, resumiu outro manifestante, Kamal Chetri, empregado em um hotel, 32 anos. Em resumo, Gyanendra aceitou, em pronunciamento pela tevê na noite de segunda-feira, reconhecer a soberania popular reclamada pelos partidos de oposição. Na quinta-feira, o Parlamento reabre, com a tarefa de convocar uma Assembléia Constituinte, a reivindicação-chave do movimento.
Maoístas se dispõem a participar
Os guerrilheiros maoístas do Nepal estão abertos a se somar à corrente democratizante desde que tenha início o prossesso de eleição da Assembléia Constituinte. A avaliação foi transmitida à imprensa indiana por Sitaram Yechury, dirigente do Partido Comunista da Índia (Marxista), que serve de medidador entre os maoístas e a Aliança dos Sete Partidos (SPA na sigla em inglês), visando construir uma plataforma comum para o cenário político emergente, depois do recuo do rei Gyanendra, na noite de segunda-feira.
Yechury disse em Calcutá que os rebeldes de esquerda prosseguiriam pacificamente com seus bloqueios de estradas e manifestações, enquanto aguardam que o Parlamento recém-restaurado dê início ao processo para eleger a Constituinte. O PCI(M), que governa há 30 anos o vizinho Estado indiano de Bengala Ocidental, empenhou-se diretamente em evitar a instauração de um regime absolutista nas suas fronteiras, enquanto o BJP, da direita indiana, apoiava o intento do rei.
Em contato
O dirigente do PCI(M) disse que tem estado em contato com a liderança maoísta desde que o rei fez o seu anúncio, segunda-feira. Embora a imprensa tenha noticiado um rechaço da força guerrilheira à declaração do rei, como “uma armadilha monárquica”, não é assim que o Yechury encara a situação.
Para o comunista indiano, o Parlamento nepalês agora restaurado deve se reunir e adotar rapidamente a decisão de estabelecer conversações formais com os maoístas. “Uma vez iniciadas estas negociações, os maoístas darão passos para se somarem à ‘mainstream’ (tendência dominante) democrática”, previu ele.
Com informações dos jornais
indianos India Daily e Daily Telegraph