Varig suspende vôo para Portugal e faz acordo com Tap

A empresa anunciou na noite da última quinta-feira que vai suspender seus vôos próprios para Portugal, como já havia anunciado anteriomente. Agora os trajetos passam a ser feitos em acordo de code-sharing com a aérea portuguesa Tap

Segundo comunicado da Varig, a medida tem o objetivo de garantir maior rentabilidade à companhia brasileira, conforme estipulado pelo plano de reestruturação operacional que está sendo implantado pela consultoria Alvarez & Marsal e pelo Banco Brascan. "A partir de 15 de maio, a Varig passará a operar somente em code-share com a TAP, aumentando ainda mais as opções de vôos do Brasil para Portugal", afirmou a companhia em nota.

Sócias na Star Alliance, parceria de code-sharing que reúne 18 empresas – Air Canada, Air New Zealand, ANA, Asiana, Austrian Airlines, BMI, LOT Polish Airlines, Lufthansa, SAS, Singapore Airlines, South African Airways, Spanair, SWISS, TAP Portugal, THAI, United Airlines, US Airways e Varig – as duas companhias garantem também a continuidade do programa de milhagem no trecho. "Os associados do Programa Smiles têm, nesta parceria, todos os benefícios proporcionados pela Star Alliance", informou a Varig. O preço médio das passagens, com saídas de São Paulo ou Rio, é de 990 dólares.

Protestos


Enquanto isso, depois de fazer uma caminhada pela zona Sul da cidade, cerca de 500 funcionários da Varig se dirigiram à frente do Museu Histórico Nacional, no Centro, com faixas e cartazes pedindo a intervenção do governo federal para pôr fim à crise na empresa. Os manifestantes ficaram diante do portão por onde passou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou da solenidade em comemoração à conquista da auto-suficiência do país em petróleo.

De acordo com o piloto Paulo Anthony, a assessoria do presidente informou que uma comissão formada por quatro funcionários da Varig seria recebida por Lula após a solenidade. "Eles pediram que ficássemos em silêncio e vamos respeitar, mas queremos conversar com o presidente e pedir que nos ajude a pôr um fim nesse problema da empresa", disse.

Pressão


Paulo Anthony lembrou que nesta semana os funcionários da Varig estiveram em Brasília e protocolaram no Palácio do Planalto um documento pedindo a interferência do Governo para solucionar a crise na companhia área. Segundo ele, os funcionários apresentaram um plano de reestruturação da Varig, para tentar salvar cerca de 11 mil empregos.

Na zona Sul, cerca de 250 funcionários da ativa e aposentados cobraram o pagamento da dívida que o governo tem com a Varig. Eles se concentraram na Praia de Ipanema e seguiram em passeata até Copacabana. De acordo com o assessor de Relações Institucionais da Associação de Pilotos da Varig, Marcelo Duarte, a manifestação buscou mostrar à população que o que está sendo pedido não é dinheiro público e sim a contribuição do governo federal para que o plano de recuperação da companhia seja implementado. "Os trabalhadores da Varig não estão pedindo dinheiro público, como vem sendo divulgado. Os trabalhadores apenas defendem que o governo pague o que deve a Varig", afirmou.

Segundo Marcelo Duarte, as dívidas da Varig com empresas estatais – Infraero, BR Distribuidora e Banco do Brasil – não chegam a R$ 1 bilhão, enquanto o crédito que a empresa teria com a União passa de R$ 4,5 bilhões. A dívida é oriunda do congelamento de tarifas ocorrido por causa de planos econômicos na década de 90 e segundo o piloto, seu pagamento já teria sido determinado pela Justiça.

"A Varig tem dívidas com a União e a União deve à Varig. O encontro de contas diminuiria o passivo da empresa fazendo com que ela se tornasse mais atraente para os investidores que, junto com os trabalhadores, estão dispostos a recuperá-la", avaliou Marcelo Duarte.

Um plano emergencial traçado pela administradora contratada para implementar o programa de recuperação judicial da companhia prevê que todos os credores da empresa façam concessões no sentido de aumentar os prazos para cobrar os débitos da Varig. Para a BR Distribuidora são solicitados 60 dias de carência e para a Infraero, um período de cinco meses."O governo precisa ter sensibilidade, que os outros credores já tiveram, e não estrangular a empresa neste momento de recuperação" afirmou o presidente da Associação de Pilotos da Varig, Rodrigo Marocco.

Da Redação,
Com agências