Três anos da fundação da UNT da Venezuela

Em cinco de abril de 2003, várias correntes sindicais contrárias à ação direitista e corrupta da Central dos Trabalhadores da Venezuela (CTV) realizaram um ato político em Caracas para a fundaç&atil

A central protagonizou uma virada histórica no movimento sindical venezuelano, tendo forjado lideranças classistas e denunciado a postura reacionária e burocrática da CTV. Leia a seguir artigo assinado por Orlando Chirino, Stalin Pérez Borges, Richard Gallardo, Ruben Linarez, coordenadores da UNT:

 

Hoje se completam três anos do nascimento da nossa Central Sindical. Ainda parece que foi ontem que começamos esta construção tão necessária em acordo com outros dirigentes. Havia passado a sabotagem petroleira e a Central dos Trabalhadores da Venezuela (CTV) confirmava pelos seus métodos gangsteres e burocráticos, sua disposição golpista e esquálida.

 

Foi dessa luta heróica, de um processo que já havia começado anteriormente, que terminou nascendo a UNT, a central dos que impulsionaram o processo pelos direitos dos trabalhadores e tendo a democracia trabalhadora como método para sua construção.

 

Desde então muitas coisas têm acontecido. Com alegria podemos mostrar a quantidade de novos sindicatos nascidos no país somados a UNT. As lutas salariais onde os trabalhadores conseguiram quebrar a dureza dos patronos. Os contratos coletivos de diferentes setores que, com a intervenção da nossa central, significaram melhoras nas condições trabalhistas de tantos companheiros. As mobilizações contra o fechamento de diferentes empresas e a tomada de muitas delas. O posterior nascimento da co-gestão como forma de enfrentar as manobras patronais e dar continuidade à base trabalhista, agora com participação dos trabalhadores na direção. A quantidade de vezes que junto a outros setores sociais confluímos na rua para fazer valer nossos direitos e fazer conhecer nossas demandas.

 

Podemos dizer hoje, com toda responsabilidade, que a fundação da UNT foi, além de uma necessidade imperiosa dos trabalhadores, uma das maiores conquistas de nosso processo revolucionário. Daí que este dia seja para nós um motivo de festejo e pela primeira vez um compromisso de continuar colocando todo nosso esforço para dar continuidade a este instrumento democrático dos trabalhadores venezuelanos.

 

São cotidianas as lutas nas quais é necessária a presença da nossa central. E também serão muitas as brigas contra o imperialismo, os patronos e a burocracia que teremos daqui pra frente. Somos conscientes de que a eles nossa atividade muito incomoda, nossa luta permanente. Satisfeitos e seguros estavam os patrões com a velha CTV, hoje reduzida a escombros. Que fácil era para as empresas privadas despedir trabalhadores ou negar aumentos salariais. Quão preocupados eles ficam quando atrás de cada reclamação se levanta uma central para fazê-los valer.

 

Sem dúvida são muitos os motivos para festejar este dia, ainda que estejamos consternados, como estão todos habitantes do país, pelo assassinato de três jovens irmãos. Voltando ao que é a UNT, a realidade não pode esconder que não temos podido com todas nossas tarefas. Além disso, como toda organização viva, não faltaram nem faltam problemas, discussões, e, inclusive, crise. Entre os problemas podemos contar a quantidade de sindicatos que necessitam terminar seu processo de filiação. Entre os debates, o que surgiu entre diferentes tendências sobre como conduzir a nossa central. E, sobre a crise, sem dúvida, é a qual se manifestam sobre o Congresso e as eleições da UNT. Por estas razões, que neste dia não podemos nos referir menos a estes problemas. São parte da realidade da nossa central, e nós dirigentes temos a responsabilidade de fazer frente aos problemas sem ocultá-los.

 

Estamos mais do que nunca acelerando o processo de filiação de todos os sindicatos que assim solicitaram, facilitando sua incorporação, levando em consideração simplesmente sua vontade de querer ser parte da UNT, sem mais trâmites nem demoras.

 

Estamos voltados a um debate aberto e público sobre qual é o método melhor para conduzir nossa central, reafirmando nossa opinião de que os dirigentes devem recorrer aos portões e os conflitos, devem garantir que seja a base da nossa central quem a decida, e devem ter um compromisso com o processo em curso e uma perspectiva de aprofundá-lo na direção do socialismo, mantendo a par sua independência como organização sindical.

 

Estamos voltados a um Congresso unitário no fim de maio, considerando o que outras tendências têm proposto apesar de discordarmos em seu comportamento sobre o tema. Tomamos essa data como uma mostra a mais de que queremos a unidade da UNT e que o Congresso se realize para avançar logo à organização das eleições. Porque há um princípio que nos rege e que vamos defender: os trabalhadores são os donos da central e não os dirigentes. Por isso, têm direito a realizar seu Congresso e decidir com seu voto pelo que lutar, como lutar e quem os representam na direção da central.

 

Com este compromisso, que é o mesmo que defendemos todo dia em nossa atividade, saudamos a todos os integrantes da UNT, a seus dirigentes e filiados, todos os companheiros que de alguma ou de outra maneira fazem vida nessa central.

 

Fazemos um chamado a redobrar esforços para sua consolidação, sua extensão a novas cidades, e seu fortalecimento como instrumento de luta dos trabalhadores e da revolução. Com a convicção de que, com a unidade da UNT e junto aos camponeses e setores populares, vamos lutar para aprofundar o caminho ao socialismo em nosso país.

 

Saudações revolucionárias e classistas.

Orlando Chirino, Stalin Pérez Borges, Richard Gallardo, Ruben Linarez

Coordenação da UNT

Caracas, 5 de abril de 2006