Thomaz Bastos: “Não tenho nenhum motivo para ser ouvido”
“Eu não tenho nenhum motivo para ser ouvido. Nós estamos investigando todos os fatos”, respondeu nesta segunda-feira (3) o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, ao fogo cerrado da mídia e da oposição para envolvê-lo na quebra do sigilo bancário de ca
Publicado 03/04/2006 22:46
As capas de alguns dos principais jornais do país trataram do assunto, em harmonia com a oposição: O Globo: “Assessores de Bastos depõem e incriminam mais Palocci”; Folha de S.Paulo: “Ministro da Justiça é o novo alvo da oposição”; Correio Braziliense: “Crise bate à porta do Ministério da Justiça”.
“Em uma semana, 80% do caso”
"Não se aponta nenhum fato. O que existe é o que estamos investigando. Os fatos estão praticamente esclarecidos", rebateu Thomaz Bastos. "O governo federal, tão logo teve notícia da quebra do sigilo do caseiro, no sábado, tomou providências. No dia seguinte, eu pedi para o diretor da PF, Paulo Lacerda, abrir inquérito. Em uma semana, praticamente 80% do caso, pelo menos em termos de materialidade e autoria, já está resolvido", lembrou.
O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que "não há clima" para uma convocação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para depor no plenário da Casa. "O plenário está com uma pauta extremamente sobrecarregada e existe um processo de investigação eficiente que está sendo conduzido pela Polícia Federal", afirmou o parlamentar.
Para Mercadante, existem no Senado fóruns adequados para o ministro possa prestar esclarecimentos, mas não o Plenário. O ideal, segundo o senador, é que a Comissão de Constituição e Justiça convide Thomaz Bastos. "O ministro, sempre que convidado no âmbito das comissões, tem comparecido", disse Mercadante.
O senador também é contra uma possível convocação de Márcio Thomáz Bastos para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos. "Não tem que vir para a CPI, é totalmente fora do foco da investigação. Tudo que não diga respeito ao fato determinado, bingos e jogos, é ilegal", afirmou Aloízio Mercadante. Já o presidente da CPI dos Bingos, Efraim Morais (PFL-PB), afirmou que a comissão deverá investigar “no momento oportuno” a participação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e de dois de seus assessores no episódio da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa.
“Não há crise que possa chegar ao ministro”
Na opinião do líder do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS), "Não há crise que possa chegar ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos". Ele afirma que toda a conduta do ministro e de sua equipe vem sendo "irretocável ao longo dos três anos e três meses do governo Lula"; e não foi diferente no episódio da violação do sigilo bancário do o. Na avaliação do líder petista, Thomaz Bastos, como titular da Justiça, dirige a Polícia Federal e “passou por diferentes turbulências nesse período”, mas sempre se comportou “de forma republicana”..
De acordo com Fontana, a intenção da oposição é criar um "factóide para tentar desestabilizar o governo. É o jogo do vale tudo, onde a oposição não mede esforços para desestabilizar o governo". Fontana informou que os aliados do governo vão cobrar mais responsabilidade da oposição para acabar com essa tentativa dos oposicionistas de desestabilizar o governo do presidente Lula a cada momento.
“Passou da conta”
Licenciado para disputar uma cadeira na Câmara pelo PSB do Ceará, o ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes afirmou que não acredita no envolvimento de Márcio Thomaz Bastos e que querer envolvê-lo é “passar totalmente da conta”. Na avaliação de Ciro, a ida do secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, Daniel Goldberg, à casa de Antonio Palocci — quando o ex-ministro da Fazenda queria saber se seria possível abrir uma investigação contra Francenildo — é natural e não implica envolvimento de Bastos no caso. “O ministro da Fazenda chama um secretário da área econômica para ir à casa dele e ele não vai?”, indagou.
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, também saíu em defesa de Thomaz Bastos. “Ele é um dos melhores ministros da Justiça que este país já teve”, afirmou Dilma. Quanto ao envolvimento do ex-ministro Antonio Palocci, a ministra comentou: “Sobre essa questão, a única coisa que acho é que o que está feito, está feito. Nós já fizemos a cerimônia e foi substituído o ministro”. A Polícia Federal investiga a participação de Palocci na quebra de sigilo e pode indiciá-lo.
“Absoluta desnecessidade”
Mas o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, afirmou nesta segunda-feira que não há necessidade de convidar o ministro da Justiça para depor no inquérito. “Havendo a necessidade, o delegado faria o convite. No entanto, o que se verifica até o momento é a absoluta desnecessidade desta medida”, disse Lacerda. “A PF faz uma apuração rigorosa e transparente, e não podemos partir para ilações e tirar conclusões sobre essa ou aquela autoridade”, disse o diretor-geral da PF. O próprio ministro disse que não vê razões que justifiquem um depoimento seu sobre o caso.
Na oposição, a imagem de Thomaz Bastos é um obstáculo mas não um impedimento para a campanha de desgaste. “Estou propondo a convocação do ministro para o plenário do Senado Federal. Não proponho que vá à CPI (dos Bingos) porque não quero tratá-lo como réu. Eu quero saber se houve omissão dele, do presidente Lula ou se não houve omissão”, ameaçou Virgílio. Para ter validade, o requerimento oposicionista teria de ser aprovado pela maioria dos senadores, hipótese pouco provável mesmo na Casa onde a oposição é mais forte.
Com agências