Mudança nos símbolos nacionais da Venezuela leva oposição de direita às ruas
O presidente Hugo Chávez celebrou com um grande desfile militar neste domingo (12/3) a mudança que fez em dois símbolos nacionais da Venezuela, enquanto seus opositores protestavam argumentando que isso era um capricho do governante.
Publicado 13/03/2006 18:01
Chavez propôs no final de 2005 agregar uma oitava estrela à bandeira nacional tricolor e mudar a posição do cavalo branco do escudo de armas para o animal parecer mais "livre e indômito".
A proposta, que ele assegurou não ser um capricho, foi realizada esta semana, quando o Parlamento aprovou as mudanças, que prestam um tributo ao venezuelano e libertador da América Latina Simón Bolívar, de quem Chávez tira a inspiração para fazer sua revolução bolivariana.
O ministro de Interior e Justiça, Jesse Chacón, defendeu a mudança feita nos símbolos nacionais. "A oitava estrela não e um capricho pois existem fundamentos que respaldam sua incorporação a la Bandera com o objetivo de retomar nossa história", afirmou Chacón.
Ele afirmou que a oitava estrela atende a um decreto assinado por Bolívar em 1817, para representar a província da Guayana – na verdade, um território da vizinha Guiana reivindicado pela Venezuela.
Na nova versão dos símbolos nacionais, o cavalo branco estampado na bandeira bicentenária galopa agora em direção à esquerda, e não mais para a direita. Há também uma nova estrela na faixa central da bandeira, em homenagem ao herói nacional Simón Bolívar.
No ano passado, Chávez desqualificou o cavalo do brasão, dizendo que "nem mesmo é venezuelano, é um cavalo imperialista", pois, segundo suas pesquisas, teria sido desenhado por um diplomata britânico. Ele também citava razões históricas para a mudança. Chávez contou que sua filha mais nova, Rosines, lhe perguntou por que no brasão de armas o cavalo galopava para a direita, com a cara virada para trás, como se refugasse.
"Este é um cavalo sendo domado, alguém o está segurando, eles o colocaram olhando para o passado", disse Chávez na época em que propôs a mudança.
"O cavalo agora olha para a esquerda com a cabeça voltada para o futuro, um cavalo branco, livre, indomado, como nossa nação é livre como nunca foi", disse a deputada Cilia Flores na noite de terça-feira, após a aprovação do projeto.
Um facão, um arco e flecha, flores e frutas tropicais também foram acrescidas ao brasão venezuelano, para representar os camponeses e indígenas.
Oposição protesta
Em protesto contra as mudanças, alguns grupos da oposição promoveram ontem um "Dia da Bandeira alternativo".
"Isso de mudar a posição do cavalo no nosso brasão nacional é um capricho do presidente, só porque a filha dele lhe perguntou", disse Oscar Pérez, dirigente do pequeno partido oposicionista Comando de Resistência Nacional.
A oposição condenou a nova bandeira, afirmando também que não é legítima, pois não houve uma consulta apropriada antes das mudanças. Perez afirmou que a oposição vai continuar a usar a velha bandeira. "Vamos continuar usando nossa bandeira de sete estrelas, a bandeira que os democratas reconhecem", disse.
"No momento os venezuelanos têm duas bandeiras: uma do totalitarismo, autocracia e comunismo, que é a bandeira de oito estrelas. E uma dos democratas, a de sete estrelas, que é a única que reconhecemos", acrescentou.
O governo quer fazer a mudança das bandeiras com custos baixos, permitindo um período de transição de cinco anos.
Dentro deste prazo, todos os prédios públicos terão que trocar para a bandeira nova.
Selos, moedas e passaportes também serão renovados.
Da redação
Claúdio Gonzalez
com informações das agências