Partido, partidos
O Brasil – esse imenso e multifacético continente – mais do que nunca
precisa de partidos nacionais de verdade, e, no entanto quase não os tem. O
advérbio aí é por conta do PCdoB, com todo o respeito aos demais, aliados ou
não. No período pré-ele
Publicado 04/07/2008 17:31
A necessidade de partidos atuantes em todo o território (ou pelo menos nos
municípios mais influentes da maioria dos estados) de forma una e coesa é
tão evidente quanto o desafio de influenciar os destinos da nação,
ultrapassando os limites do município ou da região. Pois o pleito que se
avizinha, ainda que municipal, terá peso expressivo na correlação de forças
face o pleito seguinte, de natureza geral e que porá em causa o poder
central. Vale tanto para o lado governista quanto para a oposição: como
acumular forças numa determinada direção se a ação política se deixa
fragmentar pelas contingências locais?
No lado governista vivemos a ante-sala do “pós-Lula”, impondo-se um mínimo
de bom senso para que possamos vencer as futuras eleições presidenciais e
dar continuidade ao penoso processo de mudanças em curso. Isso significa,
entre muitas outras condições, a gestação de um ambiente propício à
convergência de idéias e energias. A fragmentação conspira contra.
Daí o desafio de conviver com as pressões (naturais e até legítimas) dos
interesses próprios de cada partido, cada um a seu modo cuidando de se
fortalecer agora para avançar daqui a dois anos; e também das peculiaridades
locais, que refletem em boa medida o perfil socioeconômico e cultural
desigual e diversificado da sociedade brasileira. Conviver com essas
pressões através de uma postura propositiva, submetendo a parte ao todo, os
interesses locais às necessidades nacionais.
É aí que os partidos são chamados a adotar orientações nacionais passíveis
de execução em cada lugar, implementadas por direções que se façam ouvir e
respeitar. Direções nacionais que dirijam, que liderem, que convençam e
sejam seguidas – sob pena de virarem meras abstrações, envoltas na teia
questionável da autonomia das direções locais.
Bom – dirá o leitor – para o um partido como o PCdoB é fácil falar assim –
sua base teórica e programática, seus princípios diretores e o caráter uno
de sua linha política o permitem. Aos partidos constituídos por tendências
organizadas e independentes entre si ou por um mosaico de grupos regionais,
torna-se quase impossível pensa e agir dessa forma. É verdade, mas não
justifica; antes reforça a importância de se fortalecer os partidos como
organizações efetivamente nacionais. Mas ainda temos muita estrada a
percorrer para que isso aconteça.