O extraordinário avanço espacial da China
Como o Vermelho noticiou na semana passada, o ano de 2007 será o das comemorações de 50 anos da conquista espacial, lembrando o lançamento do primeiro satélite espacial, o Sputnik, pela então União Soviética, em 4 de outubro de 1957. No ú
Publicado 29/01/2007 09:28
O fato foi interpretado também como um avanço das forças armadas chinesas na capacitação de neutralizar a vantagem tecnológica dos EUA em caso de confrontação armada. Na verdade, os interesses militares têm jogado um papel decisivo nas pesquisas espaciais em curso. Hoje em dia, as principais aplicações científicas no espaço estão ligadas à área da informação, observação e escuta, na esfera da telecomunicação, navegação e localização.
Segundo diretor do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas da França, Pascal Boniface, são duas as principais características que a pesquisa espacial pode oferecer no plano da construção estratégica: a primeira, é que o espaço constitui o chamado “ponto elevado” por excelência, tão caro aos estrategistas militares. De fato, a partir deste patamar pode-se observar rigorosamente os elementos geográficos do teatro de operações, sua acessibilidade, com livre circulação global, em missão permanente; a segunda característica é que o espaço proporciona um campo infinito de pesquisas físicas para se compreender melhor nosso conhecimento do universo.
O desenvolvimento científico espacial de um país como a China tem por objetivo básico proteger os satélites nacionais, numa postura defensiva, contra ataques inimigos que possam causar graves prejuízos, interceptar mísseis balísticos intercontinentais e impedir que satélites espiões atuem livremente sobre o território chinês. É exatamente por estas razões que o governo americano ficou preocupado com o sucesso do lançamento do míssil chinês que destruiu um satélite em órbita acima das órbitas usualmente utilizadas pelos satélites de observação estratégica americanos.
Em seu relatório anual sobre a potência militar da China, datado de maio de 2006, o Pentágono escreveu: –“A China somente poderá destruir um satélite no espaço, com o lançamento de um míssil balístico ou um veículo espacial dotado de arma nuclear”. A última experiência chinesa provou o contrário. A atual composição do Exército de Libertação Nacional é de 2,3 milhões de soldados e 4,6 milhões de forças paramilitares. O orçamento militar chinês declarado pelo governo referente ao ano de 2006 foi de 283,8 milhões de yuans, como está constando do Livro Branco sobre a defesa nacional publicado pelo governo chinês. O orçamento de defesa de 2005 era o equivalente a 6,19 do orçamento militar dos EUA, que atualmente atinge a cifra absurda de quase a metade de todo o orçamento de todos os países do mundo. Para se ter outra referência comparativa, aquele mesmo orçamento de 2005 era equivalente a 71,45% do orçamento militar da França e 67,52% do orçamento do Japão.
A China havia anunciado que em 1985, em 1997 e em 2003, reduziria seus efetivos militares em 1 milhão, 500 mil e 200 mil soldados respectivamente. O último documento oficial do governo constata que estes objetivos foram praticamente atingidos, como fôra anunciado. Estes dados confirmam o propósito declarado pelo porta-voz do governo chinês que insistiu ao informar o sucesso da operação de destruição do satélite metereológico em 11 de janeiro que o governo chinês não tem a meta de provocar uma escalada armamentista no espaço, mas assegurar que o país possa ter total soberania sobre o espaço nacional da China.