Eleições: um balanço inicial
A disputa eleitoral de 2008 começou sem novidades. Como em todas as demais disputas a direita adota um estilo de campanha baseada no “vale tudo”, que se caracteriza pelos ataques pessoais e a disseminação de boatos contra os adversários, não importando se
Publicado 30/07/2008 15:04
Para a direita, adepta desse jogo amoral, o que menos interessa são idéias e soluções factíveis para os inúmeros e graves problemas urbanos. O que importa é minar o adversário, especialmente quando este é de oposição.
Onde eventualmente a direita é oposição, sua tática consiste em se apresentar prometendo “solução” mágica para todos estes problemas urbanos, muitos dos quais desenvolvidos ou agravados em suas sucessivas gestões a frente do executivo, numa clara demonstração de desprezo pela inteligência da população.
É claro que a campanha pra valer ainda não começou. Só a partir de meados de agosto com o início do horário eleitoral de TV e rádio será possível mensurar se a velha e manjada tática da direita passará por alguma adaptação. A julgar pela pré-campanha é pouco provável.
Em Manaus a eleição será disputada por 06 candidatos: Amazonino Mendes (ex-PFL, hoje PTB), Omar Aziz (PMN), Serafim Correa (PSB), Francisco Praciano (PT), Ricardo Bessa (PSOL) e Luis Navarro (PCB).
Amazonino, por exemplo, já foi duas vezes prefeito de Manaus e três vezes governador. Como gestor público se notabilizou pelos sucessivos escândalos de corrupção, pela distribuição de motor serra para derrubar a floresta, pela truculência com que tratou o movimento social, pelo congelamento de salário dos servidores públicos, pelas privatizações criminosas que promoveu – dentre as quais o Porto de Manaus, o Banco do Estado e a água, que deixou 800 mil pessoas desabastecida – pela tentativa de dividir o estado do Amazonas em 04 territórios, pela tentativa de entregar a nossa reserva de gás por 50 anos a uma empresa americana falida e pela extinção de todo o setor primário do estado, o que redundou na atual dependência de alimentos do Amazonas. Muitas dessas barbaridades ficaram apenas na intenção graças à combatividade do PCdoB que combinando ação parlamentar, jurídica e pressão popular conseguiu impedir, por exemplo, a entrega de nosso gás aos americanos.
Como se pode ver não resta dúvidas de que Amazonino é responsável por boa parte dos problemas do estado e da cidade. Mesmo assim ele procura se apresentar como “a” alternativa administrativa, explorando principalmente o fracasso da gestão do atual prefeito Serafim Correa (PSB).
Acontece que o prejuízo social e material da privatização da água, por exemplo, pode ser mensurado. No PAC o governo federal destinou, do orçamento da União, nada menos do que 228 milhões de reais para saneamento em Rondônia, contra 0 (zero) real no Amazonas, precisamente porque o serviço em Manaus é privatizado e obviamente não pode receber aporte de dinheiro publico. O estado e a prefeitura emprestaram 398 milhões de reais da Caixa Econômica Federal para tentar resolver a crise de abastecimento de água que a “eficiente” iniciativa privada não deu conta de resolver, simplesmente porque não aplicou os recursos e nem cumpriu qualquer das metas pactuadas no contrato de privatização.
Agora o ex-prefeito e ex-governador, responsável pela privatização, mesmo diante do evidente desastre, ainda insiste que a privatização foi “um grande negócio”. Faltou explicar pra quem. Por que o “carrasco” do povo sem água tem essa ousadia? Simplesmente porque o atual prefeito, que se elegeu em boa medida criticando a privatização, repactuou o contrato por mais 20 anos quando poderia e deveria rompê-lo por absoluta ausência de cumprimento de metas. E contava com o apoio do movimento popular que coletou milhares de assinaturas reivindicando que a prefeitura rompesse o contrato com base nas próprias cláusulas estabelecidas.
Quem tratar esse tema adequadamente tem uma avenida eleitoral pela frente.