Eleições: TV e ciberespaço podem impulsionar candidaturas
De 19 de agosto até 2 de outubro, fica no ar a campanha eleitoral. Para muita gente, um suplício; para outros, uma diversão sem igual. É fato inconteste que a atitude da candidatura na TV é indispensável para informar quem é quem.
Publicado 20/08/2008 18:50
Para a cientista política Maria do Socorro Braga, da Universidade Federal de São Carlos, ''embora importante, não é o fundamental ter o maior tempo na TV. É preciso avaliar o conteúdo dos programas, estratégia do marketing político e outros eventos de campanha realizados pelos vitoriosos. Outra variável é o porte do partido político e sua importância na disputa local, além de variáveis relacionadas ao perfil do candidato''. O professor Carlos Ranulfo Melo, da Universidade Federal de Minas Gerais, é categórico: ''Eu diria que o tempo de TV é importante, mas não decisivo. É verdade, como vocês destacam, que os detentores de mais tempo sempre subiram na pesquisa, mas só em duas venceram'' (''TV impulsiona, mas não garante vitória'', Ranier Bragon, Folha de São Paulo, 18.8.8).
Polêmicas à parte, a exposição na TV, não importando o tempo, consagra ou desgraça uma candidatura. Apesar das ponderações de que maior tempo de TV não garante vitória, ela é a catapulta para a derrota ou vitória, pois é o meio de comunicação mais acessado e o único que torna uma voz, uma pessoa e suas propostas amplamente conhecidas em todas as camadas sociais, de modo a criar empatia ou desencadear e consagrar antipatias.
''Getúlio entendeu e usou o rádio,
Juscelino foi pioneiro e elegante na TV;
quem, no Brasil, será o hábil candidato a ocupar a internet nas próximas eleições?''
A internet abre campo novo e inexplorado nas eleições no Brasil. Em 2006, a deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB-RS), hoje candidata à Prefeitura de Porto Alegre, talvez seja quem mais tirou proveito da rede, tendo revelado como sua comunidade no Orkut se tornou militante e decisiva de parte expressiva dos seus quase 300 mil votos em todo o Rio Grande, algo como fogo de monturo… Vamos aprender!
Álvaro Gregório, no artigo ''Internet e eleições'', diz: ''Tenho uma impressão sobre a habilidade dos políticos brasileiros, quando entendem os meios de comunicação, mais ou menos assim: Getúlio Vargas entendeu e usou como ninguém o rádio, enquanto Juscelino Kubitschek foi o pioneiro e elegante presidente na TV (a analógica, é claro), talvez superado por Fernando Collor em termos dramáticos. Mas quem, no Brasil, será o hábil candidato a ocupar a internet nas próximas eleições?''
Em 2008, a rede será coadjuvante essencial junto aos digitalmente incluídos, sobretudo jovens. As candidaturas às prefeituras das capitais que souberem manejar esse novo instrumento veiculador e galvanizador de idéias, praticamente a custo zero, potencialmente agregarão mais militância e votos. Será um aprendizado, que exige cuidado e desconfiômetro pois, se uma campanha na rede tiver cara e for compreendida como spam, em seu meio de veiculação mais simples, o e-mail, estará condenada ao fracasso… Miremos a campanha de Obama, que contempla ''desde site de adesão à campanha, além do oficial do Senado, um wiki bem redigido, flickr enorme, wallpapers e ringtones para celulares, um canal no Youtube, RSS, releases e outros tantos endereços e recursos da web 2.0 a seu favor''.
Em Belo Horizonte, a candidata a prefeita Jô Moraes, à frente nas pesquisas, poderá se beneficiar exponencialmente de uma presença diferenciada na rede, já que dispõe de tempo exíguo na TV, o que poderá compensar com uma performance cintilante na net – moderno ovo de Colombo que, bem usado, emudecerá os pretensos donos do Curral del Rei.