Antes que seja tarde

Estamos a pouco mais de um ano das convenções partidárias relativas ao próximo pleito municipal, que deverão acontecer em junho de 2008. Em tese, digamos assim, está muito cedo para definir estratégia e tática eleitoral, escolher candidatos, firmar alianç

Isso é o que dizem praticamente todos os atores presentes na cena política. Porém, na prática, não há uma só partido que não esteja em céleres preparativos para a guerra. E fazem muito bem. 2008 é a ante-sala de 2010, quando estarão em disputa a presidência da Republica, os governos estaduais e a correlação de forças nos parlamentos estaduais e federal.


 


O fato inequívoco é que a luta eleitoral é permanente, a campanha apenas a culmina, desembocando nas urnas.


 


Para efeito de compreensão do que se passa, vale anotar uma situação concreta muito reveladora – a do Recife.


 


Aqui o PT é a força hegemônica no governo municipal e na ampla coligação que também apóia os governos Lula e Eduardo Campos. Há uma expectativa de que, nessa condição, caiba aos petistas a iniciativa de promoverem um ambiente de diálogo entre os diversos partidos aliados conforme uma agenda comumente definida tendo em vista a necessidade de arrostarmos a direita que emite sinais de que entrará forte na contenda. Acontece que o PT vê-se enredado numa crise interna crônica que o inibe de tomar a iniciativa, e ao mesmo tempo constrange os aliados que se sentem condenados a uma espera sine die. O resultado é o acúmulo de dúvidas e desconfianças que, não superadas em tempo hábil, podem ser bastante danosas lá adiante.


 


Resumindo: é como um tabuleiro de xadrez desarrumado em que as peças se encontram dispersas sobre a mesa, impedindo que o jogo comece. Estavam, melhor dizendo. Pois no domingo último, em longa entrevista de página inteira no Jornal do Commercio (leia a íntegra da entrevista na página Partido Vivo, www.vermelho.org.br), o PCdoB, através do autor dessas linhas, vice-prefeito da cidade, cuidou de colocar as peças em seus lugares, desenhando o cenário atual e alternativas futuras, deixando claro para o PT – do qual os comunistas são aliados estratégicos e com quem mantêm excelente relacionamento – que os demais parceiros certamente não estão dispostos a aceitar dos petistas qualquer candidato, a qualquer tempo nem sob quaisquer circunstâncias. Ou seja, o PCdoB se considera co-protagonista do processo, assim como o PTB, o PDT, o PMN, o PR e outros – e assim deseja o diálogo desde já, centrado inicialmente na troca de opiniões sobre os desafios da cidade face o novo ciclo de crescimento econômico que se prenuncia aqui, que implica em novas oportunidades e novos desafios.


 


A resposta positiva de todos os partidos aliados, inclusive de expressivas lideranças de quase todas as correntes do PT, deixa-nos animados com a possibilidade de caminharmos numa direção convergente. Antes que se torne tarde.


 

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