A política levada a sério

A política é a face institucional da vida como ela é, costumamos comentar toda vez que diante de situações complexas as pessoas reclamam soluções simples e imediatas. No cotidiano de nossas vidas, tenhamos ou não consciência disso, a todo instante é preci

É o que se passou na última sexta-feira, 20, quando o PCdoB anunciou a retirada da candidatura própria a prefeito do Recife. A decisão culminou exatos doze meses de debates nas esferas partidárias e na sociedade e foi precedida de intensos diálogos desde a última semana de maio. Sempre com muito critério e espírito público, jamais priorizando o interesse estritamente partidário.


 


 


Assim, em que pese reafirmar a justeza e a oportunidade do rumo tático que vinha defendendo – a opção de mais de uma candidatura do campo governista – o Partido reconheceu a inconveniência de seguir adiante devido ao ambiente político adverso consumado nas duas semanas antecedentes – aqui e em plano nacional.


 


 


Recife é uma das capitais mais importantes do país e é o centro político de Pernambuco. Passou a figurar como fato destoante tendo em vista os esforços das direções nacionais do PCdoB, PT, PSB e PDT, dentre outros, em conjunto com o presidente Lula, no sentido de convergir energias em favor dos candidatos que em cada cidade vinham reunindo mais força em torno de si – a exemplo de Edvaldo Nogueira (PCdoB), em Aracaju, Marta Suplicy (PT) em São Paulo e de muitas outras cidade importantes.


 


 


Também a permanência da candidatura do PCdoB no Recife passou a destoar da convergência alcançada na maioria dos municípios da Região Metropolitana e das cidades-pólo das microrregiões interioranas do nosso estado.


 


 


Na política, como na vida, não bastam boas e corretas intenções; é preciso que sejam reconhecidas como benéficas e aceitáveis. Daí a contradição entre a convicção e o desejo de permanecer com a candidatura e a impossibilidade de seguir em frente em ambiente desfavorável e propício a incompreensões que, prevalecendo, poderiam destruir toda uma construção feita de modo paciente, sincero e conseqüente durante doze meses.


 


 


Resta agora a esperança de sermos compreendidos pelos inúmeros círculos de amigos que por muitas formas vinham manifestando solidariedade e apoio ao nosso projeto, para que não nos dispersemos e, dentro das condições possíveis, possamos prosseguir na abordagem dos desafios e possibilidades de nossa cidade. Afinal, saímos da disputa, mas não arriamos nossas bandeiras.

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