Superquarta deve manter juros brasileiros com a segunda maior taxa real do mundo

Enquanto nos EUA o Fed deve dar início ao ciclo de redução dos juros americanos, no Brasil a política monetária de sabotagem ao governo Lula deve frear o crescimento econômico

Foto: Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil

As autoridades monetárias do Brasil e dos Estados Unidos iniciam nesta terça (17) as discussões para definir as taxas de juros dos respectivos países. Os resultados serão publicados na chamada superquarta (18) com expectativas opostas entre as definições. Enquanto os EUA devem baixar sua taxa de juros pela primeira vez desde 2020, o Banco Central (BC) brasileiro deve manter a Selic com a segunda maior taxa de juros reais do mundo.

Nos EUA, a expectativa é de que o Federal Reserve (FED), o banco central do país, finalmente dê início ao ciclo de redução dos juros americanos.  As taxas estão no maior patamar em mais de 20 anos, na tentativa de conter a inflação após a pandemia de Covid.

A taxa está no intervalo entre 5,00% e 5,25% há mais de um ano e deve ser cortada em 0,25% nesta quarta.

O movimento dos americanos é visto como um sinal positivo para países emergentes como o Brasil, uma vez que eles passam a ter mais mais espaço de manobra para afrouxar sua política monetária, sustentando o crescimento doméstico.

Cerca de metade da amostra de 18 autoridades monetárias de países emergentes monitorados pela Reuters já começou a cortar os juros neste ciclo, antecipando-se ao Fed, com os esforços concentrados na América Latina e na Europa.

No Brasil, no entanto, as expectativas do mercado estão para o início de um injustificado novo, mas curto, ciclo de alta da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). Alguns agentes de mercado apontam para um aumento de 0,25%.

A taxa de juros foi mantida em 10,5% ao ano nas últimas três reuniões do Copom. O ciclo de cortes foi interrompido em maio.

Os membros do Copom levam em consideração as expectativas contidas no Boletim Focus, que projetaram na edição desta segunda (16) que o IPCA, principal índice da inflação do país, avance a 4,35% em 2024. No relatório da semana passada, a expectativa era de que o índice terminasse o ano com alta de 4,30%.

Para 2025, a expectativa também sofreu mudanças, passando de 3,92% para 3,95%. Já para 2026, um leve ajuste, passando para 3,61%.

Apesar das expectativas da Faria Lima e seus anseios pelo rentismo, a realidade concreta se apresenta de outra forma. A inflação oficial do país em agosto fechou com queda de 0,02%, uma desaceleração de 0,40 ponto percentual após o avanço de 0,38% em julho. Os dados foram divulgados na última terça (10), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 4,24%, abaixo dos 4,50% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Em agosto, o setor de alimentação e bebidas, por exemplo, registrou queda de 0,44%, com destaque para a alimentação no domicílio, que apresentou um recuo de 0,73%, marcando o segundo mês consecutivo de baixa, após a redução de 1,51% em julho.

Além da inflação, a economia vem dando sinais positivos de crescimento sustentado, surpreendendo o mercado. Em 2023, no primeiro trimestre, a expectativa de crescimento indicava alta de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB). O PIB cresceu 2,9%.

Um ano atrás, a expectativa era de um crescimento tímido dos índices. Estimava-se que a alta de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2023, tida como fortuita, não se repetiria nos meses seguintes. Contudo, o PIB cresceu 2,9% em 2023. 

Ainda assim, o primeiro relatório Focus de 2024, publicado em 5 de janeiro, não mostrava os economistas de instituições financeiras tão otimistas: a projeção, compilada pelo Banco Central (BC), era de uma alta de 1,59% do PIB para este ano.

A função do BC é assegurar a “estabilidade de preços, do sistema financeiro, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego”. Na prática, nada disso é o foco. As últimas decisões evidenciam a intencionalidade de frear o crescimento do país para desgastar o presidente Lula e, consequentemente, inflar Bolsonaro, afinal é ano eleitoral. 

Apesar de vários resultados positivos da economia como aumento da geração de empregos, crescimento da renda das famílias brasileiras, controle da inflação e crescimento do PIB acima das projeções, reservas cambiais de US$ 370 bilhões e recorde de exportações e compromisso com controle fiscal e inflação, o Banco Central segue mantendo a mesma posição intransigente de juros altos. Somos a 6ª maior população do mundo e registramos todos os meses bons índices na economia, apesar dessa sabotagem. 

A última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) que manteve a taxa de juros nas alturas (10,5%, segunda mais alta do mundo), por exemplo, trouxe um tom ainda mais pessimista, mesmo que a economia brasileira insista em dizer o contrário.

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