Xuxa chama Bolsonaro de “asqueroso” e pede voto contra ele  

Em artigo contundente assinado em parceria com o ativista João Paulo Pacífico, apresentadora diz: “Vivemos em uma sociedade que culpa a vítima e passa pano para pedófilo”

Foto: Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados

O Brasil de Bolsonaro fere, destrói, mata. É um país em que tudo que agride a dignidade humana se tornou normal, corriqueiro e até defensável. A declaração do presidente da República de que “pintou um clima” com meninas venezuelanas de 14 anos é um desses casos abomináveis e que, há alguns anos, certamente geraria uma onda de indignação. Mas, não hoje. No Brasil de Bolsonaro, apenas os que não o apoiam reagiram. Entre os que estão com ele, as reações variaram entre o silêncio cúmplice às mais grotescas desculpas e explicações. Uma das que se indignou e resolveu não ficar calada foi a apresentadora Xuxa Meneghel. 

Após gravar um vídeo emocionante sobre pedofilia e falando de abusos que ela mesma sofreu quando menina, Xuxa, em parceria com o ativista João Paulo Pacífico, CEO do Grupo Gaia, escreveu um artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo desta terça-feira (25), no qual expõe, de maneira contundente, o absurdo do episódio envolvendo Bolsonaro. 

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“Sou filha, sou mãe e fui abusada por velhos babões que se sentem machos quando chegam perto de uma menina ou menino ‘bonitinho’ e se acham no direito de ‘pintar um clima’”, começa o artigo. 

Após lembrar de frases típicas de comportamentos pedófilos “socialmente aceitos”, a dupla aponta: “Vivemos em uma sociedade que culpa a vítima e passa pano para pedófilo. Uma sociedade em que os amigos do assediador sorriem ao ouvir o criminoso contar seus crimes como se fossem conquistas”. 

Xuxa e Pacífico lembram que na lista da exploração sexual infantojuvenil, o Brasil está na vergonhosa segunda posição, ficando atrás apenas da Tailândia. “Aproximadamente 500 mil crianças são abusadas por ano no nosso país; cerca de 75% delas são meninas. Estima-se que apenas 10% dos casos sejam notificados às autoridades competentes”, escrevem. 

Mais adiante, escrevem: “Ele conta orgulhoso, inclusive, que ‘pintou um clima’ entre ele, um ser asqueroso, e meninas de 14 anos, insinuando que as adolescentes estariam se prostituindo”. E acrescentam: “Veja o tamanho do absurdo! O presidente da República estava andando de moto e observou uma situação que ele acreditava ser de exploração sexual infantil. Em vez denunciar, convidou-se para ir à casa das meninas, pois ‘pintou um clima’. Você acha isso aceitável?”. 

Ao comparar Bolsonaro e Lula, lembram que o presidente, apesar do comportamento abjeto, “ganhou a defesa dos seus fãs, alguns deles jogadores de futebol acusados e condenados por assédio, estupro e até por morte”. Na ponta oposta, salientam, “Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu em 2009 um prêmio internacional pelo combate à pedofilia em Genebra”. 

Após lançar questionamentos aos homens e mulheres que apoiam o presidente mesmo diante desses fatos, Xuxa e Pacífico concluem: “Se você se calar, o crime vai se banalizar. Até quando deixaremos nossas crianças na mão desses monstros? Nem nosso país nem nossas crianças merecem o seu silêncio e seu voto a favor dele. Tire sua imunidade: vote contra ele”. 

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(PL)

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