Debate na Globo antecipa confronto Haddad e Tarcísio em eventual 2º. turno em SP
Confronto entre Haddad e Tarcísio antecipou comparações entre Lula e Bolsonaro, mas também expuseram fragilidades do governo tucano no estado.
Publicado 28/09/2022 19:22 | Editado 28/09/2022 20:12
Em debate realizado na noite desta terça-feira na TV Globo, o ex-ministro Fernando Haddad (PT), líder nas pesquisas para governador de São Paulo com 34% no Ipec mais recente, e o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) com 24%, o segundo colocado, ignoraram o atual governador Rodrigo Garcia (PSDB) com 19%, para destacar suas trajetórias nacionais ao lado dos respectivos presidenciáveis, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
A polaridade nacional interessa ao petista pela rejeição de Bolsonaro, enquanto o atual governador representa um adversário perigoso no segundo turno. Enquanto o eleitorado de Garcia tende a rejeitar o bolsonarismo, o eleitorado bolsonarista rejeita o petismo. Com isso, é mais fácil o eleitor de Tarcísio se somar a Garcia contra Haddad, do que o do tucano votar num bolsonarista, como revelam as intenções de pesquisa.
Com isso, ambos criticaram a gestão tucana, sem que Garcia pudesse replicar. Restou a Rodrigo Garcia criticá-los por reproduzir a disputa nacional, reforçando ainda mais a polaridade.
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Tarcísio dirigiu sua questão para Haddad sobre retomada econômica imediata do Estado. Haddad criticou os aumentos de impostos promovidos pelo ex-governador João Doria (PSDB) durante a pandemia e associou-o a Garcia, que era seu vice. Mas foi além, ao dizer que acredita que o caminho para superar a crise no Estado do Estado passa pela possível parceria com governo Lula, na disputa à presidência da República.
“Eu e o presidente Lula temos um projeto tanto para o Estado quanto para a nação. Vamos dar as mãos e olhando sobretudo para os interesses da família paulista que precisa de amparo e oportunidade”, reiterou, antecipando o tom de uma eventual campanha de segundo turno contra Tarcísio ao criticar o atual governo federal.
Ele também defendeu a redução do ICMS da carne e do leite, além da elevação do salário mínimo. “No tempo em que eu fui do governo federal, por nove anos, no governo Lula, nós crescíamos mais de 4% ao ano. Hoje nós crescemos, nos últimos quatro anos, pouco mais de 1%. A economia é movida por dois fatores: consumo das famílias e investimento privado e público. As famílias tiveram seu rendimento achatado nos últimos anos, particularmente aqui no estado de São Paulo. Para que se tenha uma ideia, o salário mínimo paulista ficou congelado durante todo o período da pandemia, se aproximando do salário mínimo nacional, sendo que ele sempre foi 20% superior.”
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“Um Estado rico como São Paulo não pode ter 100 mil pessoas em situação de rua, alunos de Ensino Médio ter o conhecimento de um aluno de sétimo ano do Fundamental, uma fila de 1,2 milhão procedimentos do SUS aguardando agendamento, quinhentas obras paradas”.
“Fala-se do estado mais rico do Brasil e é, mas nós temos 1,7 milhão paulistas sem abastecimento de água no Estado de São Paulo.” Dados do TCE-SP apontam que dos 33,7 milhões de pessoas de São Paulo, 1,6 milhão (4,95%) de habitantes não contam com abastecimento de água.
A solução, prosseguiu Haddad, é reduzir impostos e aumentar o salário mínimo paulista para que “o paulista chegue até o final do mês sem dívidas acumuladas e possa se livrar das dívidas, vai voltar ao mercado de consumo e fazer a economia rodar”.
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Polarização nacional
Haddad escolheu Tarcísio para falar de políticas para as mulheres, associando-o a Bolsonaro e seu desprezo por mulheres. Na sequência, em pergunta para Tarcísio, Haddad afirmou que o candidato era o único dos cinco presentes que defendia “obstinadamente o governo Bolsonaro”.
No questionamento, o petista citou o negacionismo com a ciência, a demora na vacinação contra a Covid, os cortes em programas sociais, na merenda escolar e o tratamento que o atual presidente destina às mulheres e perguntou se é este modelo de gestão que deseja replicar no estado de São Paulo.
Tarcísio apenas criticou a gestão Doria/Garcia do seu ponto negacionista, por ter promovido fechamento temporário do comércio, medida importante para contenção de pandemias. Ainda caiu na armadilha de dizer que defende o governo Bolsonaro porque “é um governo que entrega resultado e faz acontecer”.
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Também antecipou um argumento frágil do bolsonarismo ao dizer que o presidente Bolsonaro colocou técnicos nos ministérios, técnicos nas estatais para combater a corrupção. Desde 2020, Bolsonaro promoveu várias trocas de ministros para acomodar indicados políticos dos partidos do chamado ‘Centrão’, que formam a base aliada de apoio no Congresso Nacional. Também nomeou indicados políticos em estatais, conselhos federais e diretorias de fundos bilionários, como no caso do indicado do PL no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Juntos, Republicanos, PP e PL controlam mais de R$ 149,6 bilhões do orçamento federal.
Alvo tucano
Elvis Cezar (PDT) e Vinicius Poit (Novo), com desempenho baixo nas pesquisas, criticaram os caríssimos pedágios do Estado, problema antigo dos tucanos nas eleições. Elvis Cezar também lembrou que o vice de Garcia, Geninho Zuliani (União Brasil), “responde a diversos processos” e que um irmão do governador, Marco Aurélio Garcia, participou da chamada máfia do ISS, escândalo de desvio de mais de R$ 500 milhões.
Entre os demais temas citados de forma crítica ao governador estão a poluição do rio Tietê, a demora nas obras do Metrô, a segurança pública “largada”, nas palavras de Poit, e o vale alimentação de policiais de R$ 12 por dia.
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Tarcísio também foi alvo constante de ataques. Em tom irônico, Poit afirmou que ele poderia ficar tranquilo porque não iria perguntar sobre o local de votação. Era referência a um vídeo em que Tarcísio, morador recente do Estado, demonstra não saber o nome do colégio onde vota.
Na sequência, Cezar o citou como alguém que “anda com deputado que bate em mulher”, uma referência ao ataque do deputado bolsonarista Douglas Garcia (Republicanos) à jornalista Vera Magalhães durante debate na TV Cultura, “anda com [o ex-deputado] Eduardo Cunha” e “tem citado [Fernando] Collor como melhor presidente”.
Rodrigo perguntou para Tarcísio sobre obras inacabadas para atacar o candidato do Republicanos em sua área – ele foi ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro. Contra Tarcísio, um dos motes repetido por diferentes rivais foi dizer que, como ministro da Infraestrutura, fez pouco para São Paulo. Teria privilegiado outros Estados na distribuição de verbas e obras.
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“Domingo pode ser um grande dia. Um dia para reestabelecer a democracia deste país. Um dia para restabelecer os seus direitos que foram cortados pelos governos estadual e federal. Um dia que a gente vai começar a reindustrializar São Paulo”, concluiu Haddad.