Momento une capital e trabalho pela democracia, diz orador da carta da Fiesp
Ex-ministro José Carlos Dias leu a carta “Em Defesa da Democracia e da Justiça”. Ato uniu empresários, sindicalistas, representantes de movimentos e entidades.
Publicado 11/08/2022 15:57 | Editado 05/10/2022 10:56
Na manhã dessa quinta-feira (11), foi realizada a leitura da carta Em Defesa da Democracia e da Justiça, iniciativa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, em São Paulo (SP).
A carta reúne mais de cem entidades, entre associações empresariais, universidades, ONGs e centrais sindicais. A sua leitura foi feita pelo presidente da Comissão Arns e ex-ministro da Justiça, José Carlos Dias.
Antes da leitura, Dias falou sobre união entre capital e trabalho e como surgiu a célebre carta aos brasileiros.
“Idealizamos a carta aos brasileiros e fomos à casa do professor Goffredo para desafiá-lo para ser o redator. Hoje é um outro momento. É um momento grandioso. Eu diria talvez inédito em que capital e trabalho se juntam em defesa da democracia”, falou o ex-ministro, ao lembrar da história da redação e leitura da Carta aos brasileiros professor Goffredo da Silva Telles Junior, em 1977.
Em seguida foi feita a leitura da carta, confira aqui.
Compromisso com a democracia
No ato, o membro-fundador da Comissão Arns, Oscar Vilhena Vieira, explicou que o manifesto não é partidário, mas sim um momento no qual as principais entidades da sociedade civil brasileira celebram o compromisso com a democracia e com o estado de direito.
“Estão aqui representadas 60 milhões de trabalhadores pelas Centrais Sindicais que aderiram a este manifesto. Aqui estão representantes os setores mais vibrantes da nossa economia, liderados por Josué Gomes e Isaac Sidney, que tiveram a ousadia de aderir a este manifesto”, falou Vieira ao destacar o presidente da Fiesp Josué Gomes e o presidente da diretoria executiva da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney.
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Na ocasião, o fundador do Instituto para Políticas de Saúde e ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, destacou que é necessário preservar as conquistas democráticas. “Não temos um caminho que não o da democracia, o da liberdade, da justiça. É por isso que estamos aqui. É uma situação esdrúxula [ ter que defender princípios democráticos]. Mas toda a nossa energia, toda a nossa coragem, deve ficar, nesse momento, concentrada em salvar o que foi conquistado ao longo dos anos e é a base do nosso futuro”, disse Fraga.
A presidente da OAB-SP, Patricia Vanzolini, lembrou que a reconquista da democracia foi feita a partir de muita luta. “Tudo o que nós temos é porque pessoas morreram, foram perseguidas e tiveram que sair do país para que nós tivéssemos isso hoje [democracia]”, falou emocionada.
União de setores
O presidente do Conselho Deliberativo da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), representando o setor produtivo, disse: “Nós nos curvamos a vocês que aqui representam a sociedade brasileira, que quer paz, que quer desenvolvimento econômico e social, quer respeito ao meio ambiente e às convicções desta carta e da próxima (Carta às brasileira e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito)”.
Já Neca Setúbal, acionista do Itaú/Unibanco esteve no ato representando a Fundação Tide Setúbal e as fundações e institutos signatárias da carta. “Somos entidades de diferentes momentos, diferentes experiências, diferentes visões de mundo, diferentes setores. Mas o que nos une aqui hoje é porque estamos defendendo o estado democrático de direito sempre. É isso que aqui nos une”, destacou.
Compromisso com a luta
A presidente da União Nacional dos Estudantes, a amazonense Bruna Brelaz, comemorou os 85 anos da entidade, reafirmando o compromisso com a luta pelo estado de direito desde sua origem, quando enfrentou o nazifascismo. “Não aceitamos a sanha de uma tentativa de golpismo que flerta com o esgoto mais sombrio da nossa história. Para esses dizemos: ditadura nunca mais”.
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Beatriz Lourenço do Nascimento, da Coalizão Negra pelo Direito, fez referência aos ataques da primeira-dama Michelle Bolsonaro às religiões de matriz africana ao proclamar que, enquanto houver racismo, a democracia não será plena. “Não há democracia sem o respeito à liberdade religiosa. O racismo deve ser rechaçado em todo o mundo”, disse, sendo muito aplaudida.
Também falaram no ato: Carlos Gilberto Carlotti Júnior, reitor da USP; Celso Campilongo, diretor da faculdade de direito da USP; Francisco Canindé Pegado, representante da UGT (União Geral dos Trabalhadores); Miguel Torres, presidente da Força Sindical; Telma Aparecida Andrade Victor, secretária de formação da CUT-SP, e o coordenador da Central de Movimentos Populares e da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim.
Após a leitura da carta das entidades foi realizada a leitura pública da “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito!” – o mais amplo manifesto pró-democracia na história do País – com mais de 900 mil adesões.