Lula se aproxima de líderes do agronegócio, reduto bolsonarista
De acordo com O Globo, Lula recebeu apoio de integrantes do grupo Amaggi, uma das maiores empresas exportadoras de soja do mundo. O empresário Elusmar Maggi é crítico do atual presidente
Publicado 08/08/2022 15:35 | Editado 08/08/2022 18:05
A campanha de Bolsonaro acendeu a luz amarela sobre as investidas de Lula no setor do agronegócio, um reduto bolsonarista, mas que nos governos do ex-presidente foi um dos mais beneficiados. Porém, na eleição de 2018 o setor foi entusiasta da candidatura do atual presidente.
Preocupado com a aproximação do candidato da Federação Brasil da Esperança (FE Brasil), formada pelo PT, PCdoB e PV, com lideranças do setor, o atual presidente quer anular a ofensiva explorando o temor dos produtores com a Movimento Sem Terra (MST) e o marco temporal para a demarcação de terras indígenas.
De acordo com o Globo, Lula recebeu apoio de integrantes do grupo Amaggi, uma das maiores empresas exportadoras de soja do mundo. O empresário Elusmar Maggi é crítico do atual presidente.
“Que fria esse presidente. Se esse ele fosse bom, ele teria dado uma verba como o PT deu para fazer armazéns. Esse presidente é muito ruim de serviço. Esse presidente motoqueiro, que não passa de um simples motoqueiro e que ainda dá mau exemplo para a nação”, disse o produtor do Mato Grosso, estado onde o agronegócio é mais forte.
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Bolsonaro faz campanha aberta, por exemplo, pela reeleição ao Senado de Wellington Fagundes (PL-MT) que disputa a vaga contra o deputado federal Neri Geller (PP), que declarou voto a Lula. Além de Geller, o senador licenciado Carlos Fávaro (PSD-MT) também apoia o ex-presidente.
“Hoje estamos vendo até parte do agronegócio desesperado com os prejuízos causados pela irresponsabilidade e ganância, por um presidente que estimulou durante meses grileiros e latifundiários criminosos a avançar sobre a floresta. Estão invadindo terras e fazendo queimadas criminosas. Liberaram agrotóxicos proibidos em outros países, contaminando a comida, o solo e os rios do Brasil”, diz Lula
O ex-presidente lembrou ainda do destaque que o Brasil teve no setor. “Nosso país que antes era líder e respeitado no mundo, que dialogava com todos, agora está ficando cada vez mais isolado, o que é injusto com o Brasil que é melhor, muito melhor, que Bolsonaro”, criticou.
Na sua página na internet, a campanha de Lula enfatiza que por meio de um conjunto de políticas de crédito, de apoio ao desenvolvimento de novas tecnologias e da abertura de novos mercados, os governos do PT também apoiaram o agronegócio.
“Para financiar a produção, na safra 2002/2003, foram autorizados R$ 20 bilhões em crédito; na safra 2015/2016, foram R$ 187,7 bilhões, aumento real de 302%. Houve ainda a ampliação do limite de crédito por agricultor e redução de seu custo, que registrou, nas três últimas safras do período do PT, taxas de juros negativas”, diz texto na página do candidato
Além disso, destaca-se a criação de novas linhas de crédito, mais adequadas ao perfil do produtor. Entre as ações, estão destacadas o Pronamp, para médios produtores, o Moderfrota e o Inovagro, para estimular investimento em máquinas e equipamentos, e o programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) para apoiar adoção de práticas mais sustentáveis de produção.
O ex-presidente destaca ainda a criação do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), para diminuir os riscos do produtor agrícola. “Com ele, o governo assumiu o compromisso de ajudar o produtor rural a pagar uma parte do valor da apólice do seguro, em percentual que varia conforme a cultura, a região e riscos envolvidos. As subvenções pagas pelo governo cresceram de R$ 2 milhões, em 2005, primeiro ano de operacionalização do programa, para R$ 693 milhões, em 2014, ano de maior cobertura. No período do PT, foram atendidos 447 mil produtores, envolvendo R$ 2,8 bilhões”, diz.
Política interrompida
Contudo, desde 2016, esse ambiente favorável ao financiamento do agronegócio foi interrompido. De acordo com a campanha de Lula, o total de recursos destinados ao financiamento pouco cresceu e, na safra 2019/2020, a primeira do governo Bolsonaro, foi 14% menor, em termos reais, do que o último autorizado pela presidenta Dilma.
Em relação ao seguro rural, o estrago também foi grande, pois o número de produtores atendidos e o montante de recursos de subvenção caíram pela metade.
“Da agricultura familiar ao grande agro, Lula trabalhou pela modernização e valorização da produção agrícola nacional, que hoje sofre nas mãos de um governo incompetente e sem compromisso com o crescimento do país”, diz a campanha.