Procuradores do MPF acusam Augusto Aras de ser submisso a Bolsonaro
Na avaliação deles, falta ao procurador-geral, que será responsável em denunciar ou não o presidente, compromisso com a defesa dos valores democráticos que são colocados diariamente em xeque pelo presidente
Publicado 03/06/2020 11:23

Ouvidos reservadamente por reportagem do Valor, procuradores do Ministério Público Federal (MPF) disseram que o procurador-geral da República, Augusto Aras, é omisso em defesa da democracia e subserviente ao presidente Bolsonaro.
Na avaliação deles, falta a Aras demonstrar, com atos, compromisso com a defesa dos valores democráticos – colocados diariamente em xeque pelo presidente.
“A concordância do procurador-geral com a PF para ouvir Bolsonaro no inquérito é considerada parte de um movimento iniciado por Aras nos últimos dias, que inclui entrevistas, para demonstrar independência e se descolar de Bolsonaro”, revelam.
A oitiva de Bolsonaro no inquérito, aberto após o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, dizer que o presidente interferiu na PF, depende da decisão do relator da investigação, ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Democracia atacada
Na opinião deles, enquanto a democracia é atacada por Bolsonaro e seu séquito, o chefe do MPF deveria “cerrar fileiras” com os presidentes do Supremo Tribunal Federal, da Câmara dos Deputados e do Senado na defesa do Estado Democrático de Direito.
Para Cláudio Fonteles, procurador-geral da República entre 2003 e 2005, Aras deve ter “posturas condizentes com a independência funcional que o cargo exige”.
Fonteles considera que o fato de o presidente incitar manifestantes, que se aglomeram para pedir o fechamento do Congresso e do Supremo, exige providência.
“Ele faz apoio a esses grupos ostensivamente, todos os domingos, agora a cavalo, de helicóptero, que pregam a ruptura do Estado Democrático de Direito. O doutor Aras deveria colocar em inquérito também a conduta reiterada do presidente da República, à luz do artigo 23, Inciso 1º, da Lei de Segurança Nacional, que é textual em dizer, ‘incitar a subversão da ordem pública”’, afirma Fonteles.
“Meu Deus, se você, líder maior, participa, sorri, aplaude, faz gestos largos para pessoas que pedem o fechamento do Supremo, do Congresso e atacam pontualmente figuras representativas desses Poderes, você tem de ser investigado nesta conduta”, diz.
Na segunda-feira (1º), Aras justificou como “unilateral” a declaração de Bolsonaro sobre nomeá-lo ao STF.
“O presidente esqueceu de combinar comigo”, disse ao programa “Conversa com Bial”, da TV Globo. Aras retirou o foco de Bolsonaro e se colocou como vítima de um processo de “fritura”, que atribuiu a eventuais interessados em chegar ao STF.
Com informações do Valor
Rodrigo Maia tem que defender a DRMOCRACIA ! Afinal todos estão à espera da responsabilidade que cabe a ele.