“Impeachment de Bolsonaro é questão de saúde pública”, diz deputado

Deputado aposta que Rodrigo Maia está aguardando uma melhor oportunidade política. Mais de 20 pedidos de afastamento do presidente já foram apresentados

Vice-líder do PCdoB, deputado Márcio Jerry (MA), afirmou nesta quarta-feira (13) que o impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido) se tornou uma “necessidade e uma questão de saúde pública” para o país.

Em entrevista nesta manhã, o parlamentar disse que o presidente já cometeu vários e reiterados crimes de responsabilidade capazes de justificar seu afastamento e que as acusações de interferência da Polícia Federal agravaram ainda mais a situação do mandatário.

“Rigorosamente, Bolsonaro já deveria estar sofrendo o processo de impeachment. O presidente ultrapassou todos os limites constitucionais de sua função, inclusive tentando instrumentalizar a Polícia Federal para proteger maus feitos de seus filhos e amigos.

Está claro que tentou tratar a Polícia Federal como milícia. Ele cometeu crimes de responsabilidade e mais cedo ou mais tarde, terá de responder a isso”, disse, referindo-se às denúncias contidas no video que comprovariam as acusações feitas pelo ex-ministro Sérgio Moro de tentativas de interferência na corporação.

Oportunidade

Apesar de entender que já há razões suficientes para que os mais de 20 pedidos apresentados na Câmara dos Deputados sejam apreciados, o deputado aposta que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), está aguardando uma melhor oportunidade política para dar andamento ao processo.

“Não adianta querer abrir de qualquer jeito, também, o processo de impeachment. Isso requer composição de maioria, correlação de forças. Nós estamos sem manifestação de ruas e sem atuação presencial na Câmara e no Senado, e isso dificulta”, disse.

Jerry também analisou que o momento é de concentrar forças para a preservação de vidas. Nesta terça-feira (12), o Brasil registrou 881 novas mortes por covid-19 nas últimas 24 horas, número recorde desde o primeiro caso. Até o momento, o país já soma 12.400 óbitos e 177.589 casos de coronavírus.

“Tudo o que o presidente faz é provocar governadores, provocar deputados, senadores. Bolsonaro não faz e tem raiva de quem faz. Irresponsável, negligente, em nenhum momento se dedica a amenizar os graves efeitos desta pandemia. Bolsonaro se vale disse e nós não podemos deixar que isso nos mobilize. Precisamos nos dedicar a salvar vidas, combater o vírus, sem que o impeachment nos mobilize neste momento crucial”, argumentou.

Centrão

Sobre a tentativa de garantir respaldo político a partir da concessão de cargos para o  Centrão a fim de resguardar seu governo, Jerry foi categórico: “Essa relação será de curtíssimo prazo. O Governo Bolsonaro é um governo em decomposição. É lamentável que deputados, ainda assim, queiram dar sustentação a este tipo de governo. Mesmo assim, esta não deve ser uma relação de longo prazo”, avaliou. 

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