Dermatologistas estudam lesões na pele de doentes de covid-19
O modo como o coronavírus SARS-CoV2 ataca células de vários órgãos sugere que lesões de pele em doentes de covid-19 seriam também um efeito disso. A região ou órgão afetado depende do problema preexistente na vítima do vírus.
Publicado 05/05/2020 17:42 | Editado 05/05/2020 19:20

Dermatologistas estudam se, além dos pulmões, o novo coronavírus seria capaz de afetar outras partes do corpo, como a pele. Um dos trabalhos publicados é o que foi realizado por uma equipe de pesquisadores espanhóis com 375 pessoas em toda a Espanha e que está disponível no British Journal of Dermatology.
Observando as pessoas selecionadas entre 3 e 16 de abril, os pesquisadores conseguiram encontrar cinco principais padrões relacionados a problemas de pele. As lesões foram classificadas como:
- pseudo-frieira nas mãos e pés (19%), outras erupções cutâneas, especialmente no tronco, mas também capaz de afetar membros (9%),
- urticárias, especialmente no tronco, mas podendo estar dispersa por outras partes do corpo (19%),
- maculopápulas (manchas avermelhadas salientes) que podem apresentar graus diferentes de descamação, principalmente nas mãos (47%),
- livedo (que são “linhas” avermelhadas ou azuladas) ou necrose (6%).
Rigor científico
Embora o grupo espanhol tenha seguido algumas das regras para uma boa pesquisa dermatológica, como documentar os casos com fotos, ainda assim não foi rigoroso o suficiente. Portanto, é cedo para determinar que problemas de pele possam ser outros sintomas da covid-19.
Haveria falta de biópsias que poderiam atestar a presença de covid-19 na pele como uma das principais lacunas no trabalho. Portanto, não há certeza se havia o vírus nas mostras observadas.
As manifestações na pele descritas no estudo não são inéditas na literatura médica, ou seja, não são exclusivas da doença epidêmica. O eritema pérnio, por exemplo, que recentemente ficou conhecido como “dedos de covid”, nada mais é do que um inchaço nos dedos, recorrente quando o clima está mais frio.
Além disso, o especialista cita a pequena amostra de casos e a falta de diagnóstico para o coronavírus das pessoas analisadas pelo estudo. Para ele, testar 375 espanhóis é pouco considerando a dimensão epidêmica daquele país.
E, mesmo que os pacientes estudados tenham sido selecionados quando a pandemia já estava no auge no país, foram aceitas pessoas que não tinham sido clinicamente comprovadas com coronavírus por falta de testes.
Outros indícios
Um dos primeiros e principais trabalhos que norteiam as pesquisas sobre problemas de pele e o coronavírus é o realizado por um grupo no Hospital Lecco, na Itália, e assinado pelo doutor Sebastiano Recalcati. Dos 88 pacientes analisados, 18 desenvolveram manifestações cutâneas (8 no início e 10 após serem internadas). O grande problema, porém, é que não há nenhum registro fotográfico.
O Departamento de Dermatologia do Hospital Regional de Orleans, na França, contaram o caso de uma mulher de 27 anos, sem histórico médico, que apresentou urticária e foi tratada com anti-histamínico. Dois dias mais tarde, ela apresentou calafrios, dor no peito e febre acima de 39 graus e foi diagnosticada positivo pelo coronavírus.
Com informações da imprensa internacional