Parente abre espaço na Petrobras para investidores da área de refino
Pedro Parente ocupou o primeiro cargo público de relevância em 1999, como ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. E, Logo, seria nomeado interinamente ministro das Minas e Energia, quando o país enfrentou uma das maiores crises de energia da história, conhecido como o período dos apagões, pela falta de planejamento e investimentos em geração de energia, causando um grande prejuízo ao país.
Publicado 31/05/2018 14:17
Após do "equívoco" dos apagões, agora Parente prejudica também a principal estatal brasileira, a Petrobras, como presidente. Uma das primeiras medidas ao assumir a gestão da estatal, foi colocar à venda 15,5 bilhões de dólares em ativos da empresa, supostamente com a intenção de reduzir custos.
Parente é o responsável pela nova política de preços da petroleira, alvo dos protestos de caminhoneiros por todo o país na última semana. Sob a nova gestão, os preços deixaram de obedecer a variáveis internas, e passaram a oscilar de acordo com o preço internacional do barril de petróleo e pela variação do dólar, o que tem provocado constantes reajustes.
Segundo Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras entre 2005 e 2012, a mudança na política de preços é uma das grandes responsáveis pela atual crise que atravessa o país. “A política de preços era ajustar no longo prazo as relações entre mercado doméstico e o mercado internacional. Havia momentos em que os preços domésticos estavam acima dos preços internacionais, e havia momentos em que os preços internacionais estavam acima dos preços domésticos. Hoje temos uma política completamente diferente, que é uma política de atrelar os preços internacionais de maneira instantânea, praticamente, o que é incompatível com a estrutura de mercado do Brasil".
Gabrielli explica ainda que nos anos em que a economia brasileira crescia, foi possível investir em refino de petróleo, monopolizado pela estatal, o que possibilitava um repasse menor dos custos aos consumidores. Hoje, a empresa opera pouco mais de 60% da capacidade de refino, e importa derivados, repassando ao consumidor o custo da operação.
“O que ela [a atual gestão da Petrobras] quer fazer é criar um ambiente favorável para que novos investidores entrem no mercado de refino, substituindo a Petrobras no refino. E para fazer isso, ela quer, por um lado, que os preços sejam atrelados inteiramente aos preços internacionais, e em segundo lugar, que o volume de derivados importados cresça por terceiros”.
Para José Maria Rangel, presidente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), a gestão ‘entreguista’ de Parente chegou ao limite do aceitável. “Simplesmente, ele está vendendo toda a empresa. Ele já anunciou a venda de quatro refinarias, de vários terminais, está construindo o lucro da empresa baseado em venda de ativos, já destinou quase que todos os recursos da Petrobras ao mercado financeiro, reduzindo os investimentos em produção. Então, por mais que ele goste ou não, essa é uma empresa do governo, e para nós, ela tem que favorecer ao povo brasileiro”.