Parlamentares do PCdoB cobram demissão de Pedro Parente da Petrobras
Parlamentares da Oposição se revezaram no Plenário da Câmara dos Deputados na segunda-feira (28) pedindo a demissão imediata do presidente da Petrobras, Pedro Parente. Responsável pela atual política de preços da empresa, adotada em 2016, após o golpe contra Dilma Rousseff, Parente, dizem os deputados, representa o mercado, gerando lucros apenas para os investidores da Petrobras, em detrimento do povo brasileiro.
Por Christiane Peres
Publicado 29/05/2018 14:02
Para o líder do PCdoB na Câmara, deputado Orlando Silva (SP), se ainda resta alguma autoridade ao governo Temer, ela deveria ser usada para demitir Parente do cargo.
“A medida concreta que poderia sinalizar um novo caminho para o Brasil enfrentar a explosão do preço dos combustíveis, seja o diesel, seja o etanol, seja a gasolina, seja o gás de cozinha, é a demissão do sr. Pedro Parente, aquele mesmo que, na era Fernando Henrique Cardoso, foi o ministro que comandou o apagão e que agora pode produzir o apagão nos combustíveis, situação que já tem repercutido no desabastecimento e na infelicidade que atingem tantos lares do Brasil”, afirmou.
Para os comunistas, depois da adoção da atual política de preços, a Petrobras “dolarizou o preço dos combustíveis no país”. “Mas ninguém recebe salário em dólar no Brasil”, criticou Orlando Silva. “A política de indexação ao dólar serve apenas para os acionistas da Petrobras que negociam na bolsa de Nova York. A Petrobras se coloca de costas para o Brasil, ignora os interesses nacionais, o desenvolvimento econômico, os serviços que devem ser prestados à nossa população, para sustentar os lucros de 80% dos acionistas que negociam na bolsa de Nova York”, continuou o líder comunista.
Desde que foi adotada pelo governo Temer, a nova regra, que permite reajuste diários nos valores dos combustíveis, alterou 230 vezes os preços nas refinarias, quase três vezes por semana. Isso resultou em aumentos de mais de 50% na gasolina e diesel, enquanto os preços do gás de cozinha tiveram 60% de reajuste.
Vice-líder da Minoria na Câmara, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) defende que Parente que não tem “cabeça” para dirigir a maior empresa brasileira. “Nós nunca vivemos um período com tantos aumentos. Com essa política do gás de cozinha, 1,2 milhão de famílias voltaram a cozinhar em fogão a lenha, com álcool e carvão, gerando um aumento do número de queimados no país. É um grave problema para a saúde pública brasileira. Acabaram com o subsídio do gás de cozinha, que era cruzado, tirava de quem tinha dinheiro, para subsidiar aqueles que vivem em áreas populares. E a gasolina está aumentando porque nós temos importação permanente dos derivados do óleo cru. É essa a política que está desgraçando a economia brasileira”, afirmou.
A deputada lembrou que hoje, o país exporta óleo cru e importa os seus derivados, “dolarizados, articulados e dependentes do preço internacional”. “É óbvio que o impacto disso no Brasil, na ponta, é absurdo”, destacou.
Com a política adotada, a exportação de petróleo cru disparou, enquanto a importação de derivados bateu recordes. A importação de diesel, por exemplo, cresceu 80% desde 2015. O diesel importado dos EUA, que em 2015 respondia por 41% do total, em 2017 superou 80% do total importado pelo Brasil. Com isso, ganham os produtores norte-americanos, os “traders” multinacionais, os importadores e distribuidores de capital privado no Brasil, enquanto os consumidores brasileiros, a Petrobras, a União e os estados sofrem com os impactos da política.
“É essa política de desinvestimento que aniquila a possibilidade de o Brasil ter um parque produtivo de combustíveis para atender ao interesse nacional e proteger a nossa população. A política de Pedro Parente é a política que subordina a economia brasileira de petróleo e gás aos interesses internacionais e expõe a economia brasileira às influências da volatilidade do petróleo e do câmbio”, critica o deputado Orlando Silva.
A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) reitera a defesa dos correligionários. Para ela, é necessária “a imediata queda de Parente, um traidor da Pátria e do povo brasileiro”, para que haja mudança radical da política de preços da Petrobras.