Publicado 11/05/2018 18:50
Mais embaralhada do que a pré-sucessão presidencial só mesmo a situação geral do país.
Ninguém medianamente sensato haverá de prever agora o desdobramento dos acontecimentos até as convenções partidárias, que acontecerão em fim de julho e início de agosto.
Poderemos ter perto de vinte candidatos à presidência ou até mais, ou um número mais próximo da sensatez, em torno de cinco ou seis.
O onipotente sistema financeiro tem emitido sinais de impaciência e ansiedade, segundo noticia o 'Estadão'. Informes se sucedem em tom apreensivo em razão da inexistência, até agora, de um candidato identificado como de centro-direita, que a juízo dos analistas seria da confiança do rentismo.
Geraldo Alckmin, cujo currículo o credencia para ocupar essa função, padece entretanto de apelo eleitoral e de uma evidente dissonância entre seus compromissos ultra liberais e entreguistas e o sentimento e as expectativas da maioria dos brasileiros — que deseja o retorno a um padrão de crescimento da economia com inclusão social produtiva.
Nas hostes oposicionistas, ainda prevalece o cenário de pelo menos quatro candidaturas de esquerda — a de Lula ou um eventual substituto, pelo PT, Ciro Gomes pelo PDT, Manuela D'Ávila pelo PCdoB e Guilherme Boulos pelo PSOL.
Dentre estas, a pré-candidata comunista se sobressai por combinar a defesa das proposições do seu partido — um novo projeto nacional de desenvolvimento, soberano, inclusivo e democrático — com a pugna pela unidade da esquerda.
Um tiro e dois alvos simultâneos. Equidistante das escaramuças entre Ciro e próceres petistas.
Havendo uma convergência dos partidos de esquerda em torno de uma candidatura única já no primeiro turno, Manuela não será empecilho. Muito ao contrário.
Prevalecendo o cenário de dispersão, seguirá adiante conquistando parcelas expressivas do eleitorado mais jovem, mais esclarecido e predominantemente situado no centro-sul, conforme revelam pesquisas.
Há como que uma harmonia dialética entre o empenho de Manuela pela própria pré-candidatura e a defesa da unidade. Quanto mais se fortalecer como alternativa ao Planalto, mais autoridade terá para seguir propugnando a junção de forças.
Enfim, são movimentos que tendem a se acelerar na medida em que nos aproximamos de outubro. Entre a dispersão ampla e a relativa concentração de candidaturas estará o conteúdo e a clareza do debate sucessório antes das convenções e na campanha propriamente dita.