Fechamento de agências dos Correios atinge serviços essenciais
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo (Sindect-SP), Elias Diviza, o fechamento de agências anunciado pela direção dos Correios deve prejudicar especialmente a população das cidades pequenas. “Além das 5.300 demissões de trabalhadores, a população também vai ficar sem atendimento. A empresa privada não vai querer prestar serviço em uma cidade de 20 mil habitantes”, afirmou.
Por Railídia Carvalho
Publicado 08/05/2018 19:14

O governo de Michel Temer decidiu em sigilo, em fevereiro, pelo fechamento de 513 agências dos correios no país. A informação foi veiculada no final de semana pelo jornal O Estado de S. Paulo. O objetivo do governo é fechar agências próprias em lugares onde existem as agências franqueadas, que são as empresas privadas. Apenas em São Paulo serão fechadas 167 agências, destas 77 no interior.
Segundo Diviza, o impacto das demissões será profundo em uma categoria que tem um deficit de pelo menos 30 mil trabalhadores no Brasil. Atualmente, são 106 mil que atuam nos Correios em todo o território. Segundo ele, a notícia surpreendeu pelo seu caráter massivo e a decisão unilateral do governo. Agências haviam sido fechadas pelo país mas não com esse alcance.
Fatura pelo correio com dias contados
A população também sentirá na pele os efeitos da privatização dos correios, ressaltou o dirigente. Ele lembrou que a empresa privada visa o lucro, ao contrário do correio público, que presta um serviço essencial.
“Muita gente prefere receber a fatura das contas em casa. Esse é um serviço que pode estar ameaçado com o fechamento de agências. A empresa privada só tem interesse no filão das encomendas.” Dados apontam que a maior parte da população não tem como usar meios eletrônicos, principalmente idosos.
Banco postal na mira
A entrega de cartas e o banco postal são alguns dos serviços que serão prejudicados pela privatização dos Correios, continuou Diviza. Segundo ele, é vantajoso para a população o horário de fechamento do banco postal, que é uma hora depois dos bancos convencionais. O banco postal também atende a população em locais onde não existem agências bancárias mas contam com agência dos Correios.
“O trabalhador paga as contas, recebe a pensão, o salário. A agência franqueada que só tem interesse no que dá lucro não vai querer prestar serviço em uma cidade de 20 mil habitantes. A população vai ter que se deslocar para lugares mais distantes atrás de uma agência pública dos Correios”, explicou.
Má gestão da empresa
Diviza afirmou que a falta de adesão aos planos de demissão voluntária lançados pelo governo deve ter motivado a decisão pelo fechamento massivo de agências. Na opinião dele, o trabalhador e a população serão penalizados pelas más gestões na empresa.
“Em dezembro quebramos o recorde de encomendas do e-comerce. Foi mais de um milhão e meio de encomendas. As agências nas grandes capitais ficaram lotadas de encomendas paradas por falta de funcionários. O trabalhador tem sido penalizado e a população também sofrerá com essa decisão.”
Audiência pública no Congresso
O sindicato tem dialogado com parlamentares e integrantes da Frente Parlamentar Mista em defesa dos Correios para o agendamento, ainda neste mês, de uma audiência pública no Congresso Nacional para tratar do fechamento das agências em especial e do desmonte da empresa denunciado pelos trabalhadores.