Economista diz que PIB vai fechar no vermelho em 2018
Na opinião do economista e professor (da UEPB) José Carlos de Assis “não há como falar de recuperação econômica e o PIB brasileiro deve fechar 2018 em queda. O “espetáculo do crescimento” que vem sendo alardeado pelo governo, com o respaldo da mídia hegemônica, não passa de miragem.
Publicado 29/03/2018 16:21
Portal CTB – O governo alega que a recessão já foi superada e a economia brasileira está se recuperando e pode crescer até 3% este ano. O que acha disto?
José Carlos de Assis – Isto é absolutamente falso. Tivemos uma flutuação do PIB no ano passado, com crescimento de 1%, depois de uma depressão de 7,6%. Então não se pode falar em recuperação, porque crescemos 1%, que resultou de algo excepcional, que foi o crescimento da safra agrícola. Este ano, ao contrário do que eles dizem, o PIB de janeiro já teve um decréscimo de 0,56% em relação a dezembro. Mesmo o crescimento do ano passado não será alcançado, veremos queda do PIB novamente. Quando se fala em crescimento econômico depois de uma depressão sabemos que só saímos disto através de uma política econômica deliberada, uma política keynesiana, que requer o aumento dos gastos públicos, que eles estão cortando. O orçamento tá voltado para o pagamento de juros, quando você tem gasto pública para pagar juros não tem efeito multiplicador sobre a economia. É dinheiro que fica no circuito financeiro. Isto descaracteriza a política econômica como promotora do crescimento. Se observamos o que faz o PIB, consumo tá em retração, investimentos contraídos, gastos públicos reduzidos, exportação obtemos algum superávit, mas pequeno para compensar o resto. O PIB inexoravelmente vai cair.
Portal CTB – A intervenção do Estado, então, é essencial para reverter a crise?
José Carlos de Assis – É absolutamente essencial. O Estado é o único que pode gastar sem se preocupar com a demanda, o investimento privado pressupõe uma demanda. O Estado pode fazer uma estrada, obras e realizar despesas que não estão associadas necessariamente à demanda. Os EUA são exemplo neste sentido, para sair da crise o governo Obama contraiu déficits anuais superiores a US$ 1 trilhão, fez tipicamente uma política keynesiana de expansão dos gastos públicos. Aqui o governo priorizar o congelamento e corte dos gastos públicos, em nome de um orçamento equilibrado. Em 1930, quando a Alemanha entrou em crise e o governo decidiu cortar os gastos públicos a crise se agravou e deu no que deu, ou seja, no nazismo. O fenômeno Bolsonaro é também produto das políticas contracionistas, política de ajuste fiscal.
Portal CTB – Como reverter este quadro?
José Carlos de Assis – Vemos uma destruição da espinha nacional. O governo comprou o impeachment e comprou ao mesmo tempo a fidelidade dos que votaram a favor do impeachment, conseguindo aprovar projetos no Parlamento que impõe graves retrocessos. Parou na Previdência por receio de ser derrotado. Nós não podemos ficar parados. Creio que nosso principal foco tem de ser o Congresso Nacional, temos de tentar ganhar pelo menos metade do Congresso Nacional. Em torno deste objetivo devemos reunir as forças do povo, as personalidades e organizações democráticas e progressistas têm de viabilizar uma grande frente em defesa da soberania nacional.