Anísio Teixeira e a formação de professores
Após 47 anos do desaparecimento de Anísio Teixeira, trago aos leitores d’A Tarde a descoberta recente de que ele não morreu no dia 11 de março, como antes se pensava, mas a 12 de março de 1971, assunto do livro que acabo de concluir, intitulado A morte de Anísio Teixeira – desmontada a farsa da queda no elevador.
Por João Augusto de Lima Rocha*
Publicado 13/03/2018 13:05
Logo que assumiu a direção da educação na Bahia, em 1924, Anísio identificou dois pontos críticos: a arquitetura e a construção escolar, e a formação de professores. As escolas existentes funcionavam em prédios adaptados, tal como ainda hoje ocorre em grande parte da escola privada, que funciona em garagens ou puxadinhos das casas de seus donos, nos bairros pobres de nossas cidades.
Em 1925, houve a primeira iniciativa de formação continuada de profesores, muitos vindos do interior baiano para a capital, a fim de se inteirar dos novos métodos introduzidos pela Escola Nova, movimento de reconstrução educacional ao qual o educador aderiu.
Em 1931, a convite do prefeito Pedro Ernesto, Anísio foi dirigir a educação do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, e logo se integrou ao movimento nacional que levou ao Manifesto dos Pioneiros, de 1932.
Em 1935, inaugura, no Rio, a Universidade do Distrito Federal (UDF), considerada a primeira, no Brasil, a iniciar suas atividades com pesquisa em todas as áreas. O destaque na pesquisa da UDF era o programa realizado em sua Escola de Educação, dedicado ao aperfeiçoamento contínuo da educação pública, em particular os programas de formação de professores.
Em 1952, torna-se diretor do INEP, e logo cria o Centro Brasileiro de Pesquisas em Educação (CBPE), no Rio de Janeiro, cujas diretrizes passam a ser adotadas, descentralizadamante, pelos Centros Regionais do INEP, instalados na Bahia, São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Verifica-se, hoje, grande envolvimento das faculdades de educação na luta pela manutenção de programas nacionais de formação docente, a saber, PIBID, PARFOR e PÈT. A falta do caráter permanente desses programas, no entanto, tem levado ao risco de descontinuidade, segundo denunciam, tanto as faculdades de educação como as entidades representativas dos docentes, a exemplo da APUB Sindicato, na Bahia, e do PROIFES Federação, ao nível nacional, envolvidas na luta para que o governo federal renove os instrumentos que permitam a continuidade de tais programas, em parte inspirados na visão múltipla e abrangente de Anísio Teixeira.
*João Augusto de Lima Rocha é engenheiro civil, mestre pela UFRJ e doutor pela USP; professor da Universidade Federal da Bahia e estudioso da obra de Anísio Teixeira, tendo organizado, para publicação pela Editora do Senado Federal, na Coleção Biblioteca Básica Brasileira, a obra “Anísio em Movimento”.