UnB tem primeira aula do curso sobre o golpe

A primeira aula sobre o “golpe de 2016” na UnB (Universidade de Brasília) demandou mudança de sala, seguranças na porta e proibição de gravações de áudio ou vídeo. Nesta segunda-feira (05), o professor Luís Felipe Miguel, titular do Instituto de Ciência Política, reafirmou que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi “golpe”.

Orçamento teve alta nominal de 3% em relação a 2019, segundo UnB - Wilson Dias/Agência Brasil

O local do curso “Tópicos Especiais em Ciência Política: O Golpe de 2016 e a Democracia no Brasil” foi transferido sem divulgação. Ao contrário do que ocorre na maior parte das aulas da UnB, o professor proibiu a presença de alunos ouvintes. Só os matriculados poderão assistir as aulas. Apesar da presença de seguranças da universidade no Instituto de Ciência Política, não houve tumulto ou protestos.

Miguel também anunciou que não permitiria o uso de equipamentos eletrônicos e dispositivos com conexão à internet. Contudo, ele gravará as aulas. “Não será admitida a gravação da aula. Eu estou gravando a aula. Não será divulgada essa gravação”, disse.

“O programa da disciplina estava aberta ao público e já saiu 1 monte de barbaridades sobre o que teria neste curso. Eu quero ter proteção caso tenha a divulgação de uma informação mentirosa, frases descontextualizadas”, afirmou.

O Poder360 divulgou a ementa da matéria no último dia 21. De acordo com o plano de aula, haverá uma discussão sobre as “chances” de “restabelecimento do Estado de direito” depois do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Pelo menos 13 universidades já anunciaram disciplinas sobre o “golpe de 2016”. A Comissão de Ética da Presidência abriu processo ético contra o ministro da Educação, Mendonça Filho, depois que ele anunciou que recorreria contra o curso.

“Se acontece algo ilegal e deixamos de dizer que foi ilegal, estamos fazendo transparecer que foi legal”, declarou Luis Felipe Miguel, defendendo o termo “golpe”.

Um dos objetivos da disciplina é “analisar o governo presidido por Michel Temer e investigar o que sua agenda de retrocesso nos direitos e restrição às liberdades diz sobre a relação entre as desigualdades sociais e o sistema político no Brasil”.