Temer diz que intervenção foi "uma jogada de mestre"
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, nesta sexta-feira (23), Michel Temer afirmou que o seu governo cogitou uma intervenção federal total no Rio de Janeiro. O discurso demonstra que Temer quer mesmo surfar na onda do terror. O decreto assinado no dia 16 de fevereiro, estabelece a intervenção federal na área de segurança pública do Rio, passando o comando das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros para o comando do general do Exército Walter Sousa Braga Netto.
Publicado 23/02/2018 12:48
Temer foi questionado sobre a possibilidade do uso de mandados coletivos de busca e apreensão, que tem provocado a crítica de diversos órgãos do Poder Judiciário e juristas, que apontam uma inconstitucionalidade da medida.
"Isso aí será caso a caso.. Reconheço que a Constituição diz que a casa é asilo inviolável do indivíduo. Vai depender muito da avaliação que em casos determinados se dará", disse Temer.
Como reconhece Temer, a Constituição não prevê mandados de busca e apreensão coletivos. A lei apenas autoriza buscas em endereço específico e determinado. A proposta de Temer e ter autorização para fazer buscas mas para uma localidade indeterminada, como um bairro inteiro.
Enquanto diz que a situação do Rio está em colapso, chegando até a cogitar a intervenção total, Temer diz que a votação da reforma d Previdência pode voltar a pauta rapidamente.
Por se tratar de uma emenda à Constituição, a reforma não pode não poderá ser votada enquanto durar a intervenção. Mas Temer disse que apesar da reforma ter saído da pauta legislativa, mas não da pauta política do país.
"Vamos dizer que chega setembro ou outubro e cessa a intervenção. Você tem espaço para votar emenda. Aí sim entra a emenda da Previdência. A emenda da Previdência não saiu da pauta, ela saiu da pauta legislativa, mas não da pauta política do país. Não haverá candidato que não será questionado sobre a posição com relação à Previdência", disse.
Ao ser questionado sobre as especulações de que a opção por decretar a intervenção teria como objetivo as eleições, Temer disse que o decreto "é uma jogada de mestre, mas não é eleitoral".
Ministério da Segurança Pública
Ainda atuando no que chama de "jogada", Temer confirmou que vai anunciar o nome do ministro da nova pasta da Segurança Pública na próxima segunda-feira (26). Ele disse que há 10 nomes cogitados para a vaga.
"Vou anunciar segunda-feira. Ainda não se sabe [quem vai ser]. Há uns 10 nomes cogitados. Não tenho de memória os 10", disse Temer.