Educação é melhor caminho para reduzir desigualdade, diz OCDE
De acordo com o diretor de educação e de competências da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Andreas Schleicher, na maioria das vezes uma escola de qualidade é a única chance de crianças de famílias pobres saírem da pobreza. Ainda segundo ele, reduzir a desigualdade depende de decisões de investimento e políticas públicas que coloquem a educação e a igualdade como prioridades de governo.
Publicado 22/02/2018 13:24
Em meio a redução de investimentos na área da educação e o aumento da desigualdade no país, o diretor de educação e de competências da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Andreas Schleicher, apontou que o caminho mais eficiente para reduzir a enorme desigualdade de renda e oportunidades.
Com o governo Michel Temer, o orçamento previsto para novos investimentos no Ministério da Educação (MEC) vai ter redução de 32% em 2018 com relação ao ano passado. Enquanto isso, a desigualdade segue aumentando no Brasil. Um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que o Brasil está entre os cinco países mais desiguais. Com isso, o 1% mais rico do Brasil concentra entre 22% e 23% do total da renda do país, nível bem acima da média internacional.
Segundo o jornal Valor Econômico, Schleicher destacou que, para crianças de famílias mais pobres, na grande maioria das vezes, uma escola de qualidade é a única chance de sair da pobreza ao longo da vida. "Não há nenhum país no mundo em que a educação superior influencie tanto o ganho ao longo da vida quanto o Brasil. A resposta é garantir que todas as crianças tenham acesso à educação de qualidade. Isso é a melhor garantia de uma sociedade mais inclusiva", afirmou Schleicher. Para ele, quem mais precisa da escola de qualidade são justamente os alunos mais pobres, menos expostos a estímulos culturais, livros e conhecimento no ambiente familiar.
Schleicher destacou durante Encontro Regional de Ministros de Países Ibero-americanos que reduzir a desigualdade depende de decisões de investimento e políticas públicas que coloquem a educação e a igualdade como prioridades de governo. "Algumas pessoas dizem que não é possível, que as crianças de países pobres sempre terão educação pior. Pobreza não é destino", afirmou.
O Valor Econômico também informou que o diretor afirmou que os desafios da formação dos professores vão além de conhecimento em conteúdo. Mais que investir na formação inicial dos professores, o caminho, diz o especialista, é criar ambientes e sistemas de treinamento permanente nas escolas, para que as melhores práticas sejam compartilhadas com todo o corpo docente.
O gasto em educação no Brasil ainda é baixo e ineficiente, avaliou Schleicher. E que colocar a educação como prioridade na agenda dos políticos poderia ser a solução, inclusive, para os problemas econômicos do país. "Você fala da recessão no Brasil, mas, na verdade, o que você tem na educação é uma fonte permanente de recessão, e as pessoas não pensam nisso".