Privatização da Eletrobras pode ser nova derrota de Temer no Congresso
A privatização da Eletrobras é a nova menina dos olhos do governo Temer. Listada entre as 15 medidas prioritárias anunciadas pelo emedebista esta semana, já contava com forte lobby na Câmara em 2017. No entanto, a proposta pode subir no telhado. Assim como a Reforma da Previdência, a matéria é polêmica e enfrenta grande resistência no Parlamento, sobretudo em ano eleitoral.
Publicado 21/02/2018 18:04
Apesar do discurso otimista em relação à privatização da Eletrobras, a avaliação é que o tema enfrentará “dificuldade”. O Palácio do Planalto já foi alertado por aliados que a base não está disposta a aprovar o projeto, em razão da resistência de setores do eleitorado. Além disso, políticos de estados das regiões Norte e Nordeste, e de Minas Gerais, também já sinalizaram que não gostariam de perder espaço na estatal, não só pelos cargos, mas também recursos para ações nos estados.
Na região Norte, há influência de estados como Pará, por causa da Eletronorte. No Nordeste, a atenção é em relação à Chesf e, em Minas, sobre Furnas. Nesta quarta (21), o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, se reuniu com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e com o relator da proposta (PL 9463/18) na comissão especial recém-instalada, José Carlos Aleluia (DEM-BA).
Após o encontro, Aleluia sinalizou que pretende votar a proposta no colegiado até a primeira quinzena de abril. No entanto, a resistência será grande.
A coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Elétrico Brasileiro, deputada Érika Kokay (PT-DF), afirmou que o governo não está preocupado com a saúde financeira da Eletrobras nem com a população brasileira, mas em abrir mão de sua soberania energética e entregar para empresas internacionais.
“Ativos que são avaliados em R$ 400 bilhões, o governo vender por R$ 12 bilhões? Vamos perder um dos insumos para o desenvolvimento do país e nos tornaremos reféns dos chineses, que ganharão de bandeja a Eletrobras”, criticou a parlamentar.
Em setembro do ano passado, os nove governadores do Nordeste divulgaram carta contrária à privatização da Eletrobras. No documento, eles afirmam que o histórico de privatizações brasileiras sempre promete melhorar a qualidade e baratear as tarifas, “mas costumam levar a resultados insatisfatórios”, dizem na carta.
Os governadores reconhecem as dificuldades da conjuntura econômica, “mas uma política que drene recursos da econômica para o Estado via aumento da tarifa energética terá efeitos colaterais que neutralizarão qualquer resultado positivo buscado”, criticaram.
Nesta tarde, durante o lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa das Distribuidoras de Energia, deputados voltaram a criticar a proposta de privatização da Eletrobras e cobraram a realização de referendo sobre o tema.
A inclusão do referendo no texto é uma das apostas para barrar o avanço a matéria.