Gilmar Mendes diz que tentativa de Temer de barrar a Lava Jato é 'lenda urbana'
O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes saiu novamente em defesa do governo provisório de Michel Temer ao afirmar que é uma “lenda urbana” que a cúpula do PMDB pode interferir no andamento das investigações da Operação Lava Jato.
Publicado 23/06/2016 16:22
A declaração de Mendes, feita após participar nesta quinta-feira (23) de uma cerimônia no Palácio do Planalto ao lado de Michel Temer, foi em resposta a questionamento sobre a operação deflagrada nesta quinta, que teve como alvo lideranças do PT. Segundo o raciocínio de Mendes, a ação da Polícia Federal confirma que, apesar de o governo atual ser interino, a Lava Jato “está andando sem nenhuma interferência de nenhum dos Poderes”.
Com essa declaração, Gilmar Mendes quer que todos os brasileiros esqueçam das gravações das conversas de membros da cúpula do governo Temer com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em que eles articulavam o impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff para barrar a Lava Jato.
Valer lembrar que esta semana o ministro da Justiça do governo provisório, o tucano Alexandre de Moraes, se encontrou com o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância.
“Não é possível isso [interferência]. Isso é uma lenda urbana de que poderia haver interferência de governo [na operação] ou que essas investigações dependem da boa vontade ou não de governo. Hoje, nós temos instituições fortemente independentes, como o Judiciário, Ministério Público, a autonomia da PF. […] Portanto, isso é uma lenda urbana”, disse o ministro.
Ele fez questão de falar sobre a prisão do ex-ministro Paulo Bernardo, na Operação Lava Jato, desta quinta. Segundo ele, “certamente devem ter elementos” para que o petista fosse preso. Na lógica distorcida de Gilmar parece que se for petista tem de estar preso, mesmo sem provas. Mas ele admite que o STF terá que interceder para impugnar as arbitrariedades, e mesmo a contra gosto, vai impugnar.
"Certamente devem ter elementos para esse tipo de decisão, que certamente será contestada, possivelmente haverá impugnações, e poderemos ter decisões do próprio Supremo Tribunal Federal em ceder habeas corpus, mas vamos aguardar", disse o ministro.